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Guiné-Bissau: Luís Montenegro pede "funcionamento democrático" e "verdade eleitoral"
O primeiro-ministro apela à regularização do "funcionamento democrático" na Guiné-Bissau, após o golpe de Estado que travou o processo eleitoral.
Luís Montenegro espera que a verdade eleitoral seja apurada e que "não haja prisões políticas".
"É importante regularizar o funcionamento democrático do país e das suas instituições, é importante que não haja prisões políticas, é importante que o apuramento da verdade eleitoral seja feito e que o restabelecimento de uma ordem constitucional possa acontecer", disse Luís Montenegro, questionado pelos jornalistas no final da sexta cimeira Portugal Moçambique, que decorreu hoje no Porto.
Ladeado pelo chefe de Estado moçambicano, Daniel Chapo, o líder do Governo português assumiu que o país terá "sempre disponibilidade para colaborar e cooperar" com a Guiné-Bissau, num "posicionamento que nunca será de escalada verbal, nem de acicatar reações e contra reações".
"Será sempre de conciliar posições, será sempre de juntar aqueles que são os princípios que irmanam de toda a comunidade de países lusófonos: Os princípios da democracia, os princípios dos valores humanistas, os princípios da preservação do interesse das populações e do interesse das instituições", apontou Montenegro.
"É isso que vamos continuar a fazer e, naturalmente, desejando que os nossos irmãos guineenses também possam fazer o esforço que lhes cabe a eles, mais do que a qualquer um de nós, fazer para poder restabelecer pacificamente a situação e poder concentrar o país, também eles, no seu desenvolvimento e na promoção do bem-estar do seu povo", acrescentou o primeiro-ministro português.
A Guiné-Bissau está suspensa da CEDEAO, assim como de outra organização regional, a União Africana, consequência do golpe de Estado em 26 de novembro, quando um Alto Comando Militar tomou o poder, destituiu o Presidente, Umaro Sissoco Embaló, que deixou o país, e suspendeu o processo eleitoral.
O Conselho de Ministro da Comunidades dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) também recomendou aos chefes de Estado a suspensão do país naquela organização.
"Nós estamos naturalmente ao lado dos nossos irmãos guineenses, do povo guineense, que almeja seguramente ter uma situação de estabilidade, de paz, de tranquilidade, para poder também caminhar rumo ao futuro", disse ainda Montenegro, assumindo que a situação na Guiné-Bissau é "insustentável", estando a ser analisada pela Comunidade de Países de Língua Portuguesa, cuja liderança estaria nesta altura a cargo das autoridades guineenses.
"Nós temos vindo a conversar com todos os países da CPLP, quer para a gestão da própria CPLP, quer para o contributo que é nossa obrigação podermos dar, sem ingerência direta nos assuntos de cada um dos Estados-membros, mas a contribuição que podemos dar para a resolução dos problemas mais prementes em cada um", concluiu Montenegro.
Questionado sobre o mesmo tema, o Presidente moçambicano, Daniel Chapo, afirmou que o país espera que o processo eleitoral seja concluído, tal como já tinha afirmado em entrevista à Lusa na segunda-feira.
"O processo, até agora que estamos a falar, aquilo que eu tenho conhecimento, ainda está em curso, digo em curso porque houve eleições, os resultados ainda não foram divulgados, oficialmente, e, enquanto não forem divulgados, para Moçambique, é aguardar até que haja a divulgação dos resultados e em função disso vamos realmente tomar a posição", disse.
"O que estamos a fazer neste momento é assistir o curso dos acontecimentos e aguardar a divulgação dos resultados oficiais pelos órgãos eleitorais instituídos dentro do país Guiné-Bissau", acrescentou o chefe de Estado moçambicano.