Barcos do trajecto Lisboa/Barreiro são desadequados (sindicatos)
Sindicatos do sector dos transportes de passageiros reiteraram hoje que os catamarãs que habitualmente fazem a travessia entre Barreiro e Lisboa são desadequados para navegar no Tejo, invocando razões de segurança e custos acrescidos de exploração.
Os argumentos repetem-se numa altura em que a operadora Soflusa se viu obrigada a interromper, às 12:00 de hoje, a circulação entre as duas margens, devido ao mau tempo, passando a assegurar parcialmente, a partir da tarde, o serviço com um navio de outra tipologia.
O presidente do conselho de administração da Soflusa, João Franco, admite que os catamarãs são navios pouco adequados para navegar no rio em condições climatéricas adversas e que apresentam gastos em combustível superiores a outro tipo de embarcações.
Em declarações à Agência Lusa, o presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário, José Manuel Oliveira, disse que o catamarã usado pela Soflusa (ex-CP) "não é um navio adequado para atravessar o Tejo", dado que se trata de uma embarcação "mais leve" que as convencionais e, como consequência, "oscila mais".
O dirigente afirmou que os catamarãs que compõem a frota da empresa são feitos à base de alumínio, enquanto os modelos tradicionais de navios são construídos em ferro.
Comparando ainda a estabilidade dos barcos da Soflusa com os catamarãs que costumam assegurar o trajecto Seixal/Lisboa e Montijo/Lisboa, José Manuel Oliveira disse que os cascos dos primeiros são mais frágeis e, por isso, mais susceptíveis de sofrer danos em caso de atracagem sob mau tempo.
O presidente do Sindicato dos Transportes Fluviais, Costeiros e da Marinha Mercante, Albano Rita, defendeu que a renovação da frota da Soflusa com catamarãs foi uma "opção errada", uma vez que, "com um pouco de vento, as embarcações não têm condições de segurança para trabalhar".
Os sindicatos têm sustentado em anos anteriores o uso alternativo de navios tipo monocasco, feitos em aço e não em alumínio, com capacidade superior de transporte de passageiros e menores custos em combustível.
Confrontado com estas declarações, o presidente do conselho de administração da Soflusa, João Franco, reconheceu que os catamarãs "não são ideais" para navegar no rio sob condições climatéricas adversas, pelo que, em dias de mau tempo, a empresa ver-se-á obrigada a recrutar embarcações à Transtejo.
"Naturalmente que haverá sempre perturbações no serviço, paciência!", afirmou.
O responsável admitiu também que os catamarãs apresentam "custos de exploração superiores" aos navios convencionais, nomeadamente em termos de consumo de combustível, mas ressalvou que a compra dos catamarãs foi decidida pelo anterior conselho de administração da empresa.
Já em anos anteriores, os sindicatos haviam alertado para a desadequação do uso de catamarãs no percurso entre Barreiro e Lisboa, alegando razões de segurança, insuficiência de lugares e custos acrescidos de exploração.
A Soflusa assegura desde 1993 as ligações fluviais entre Barreiro e Terreiro do Paço e está a operar desde Maio com sete catamarãs que, ao substituírem nove navios com mais de 30 anos, encurtaram cada viagem de 30 para 20 minutos.
Os catamarãs têm 600 lugares cada, ao passo que os anteriores navios tinham capacidade para transportar 800 a 1.600 passageiros cada.
A empresa faz parte do grupo Transtejo, que garante a travessia fluvial entre Lisboa e Cacilhas, Porto Brandão, Trafaria, Seixal e Montijo.