O requerimento da defesa de Carlos Silvino ("Bibi") foi feito depois de uma das testemunhas e alegada vítima de abuso sexual reafirmar em audiência que havia sido violado pelo principal arguido, facto que este negou.

O rapaz, actualmente com 18 anos, começou a prestar depoimento a 2 de Junho, mas este foi interrompido porque o advogado de "Bibi", José Maria Martins, pediu a junção aos autos de alguns documentos que estão na posse da Casa Pia, tendo o tribunal aguardado que os mesmos chegassem para retomar o testemunho do jovem.

A alegada vítima voltou a repetir nessa sessão as acusações a Herman e Carlos Silvino, imputando mesmo mais um crime de abuso sexual a "Bibi".

Na mesma sessão, o advogado de Silvino decidiu pedir a inclusão de Herman José, médicos e educadores da Casa Pia como testemunhas, solicitação que hoje foi aceite pela juíza Ana Peres, que entende que os seus depoimentos podem ser importantes para a descoberta da verdade.

Hoje, a testemunha voltou a referir as acusações a Carlos Silvino.

Herman José foi arguido e acusado no processo Casa Pia por um crime de acto homossexual com adolescente, mas não foi levado a julgamento (pronunciado) pela juíza de instrução, Ana Teixeira e Silva, decisão que se encontra ainda em recurso, volvido precisamente um ano.

Perante mais um crime atribuído pelo jovem a "Bibi", o Ministério Público pediu uma alteração substancial dos factos, mas a defesa do ex-motorista casapiano opôs-se e pediu um procedimento criminal contra o rapaz por falsas declarações e difamação, uma vez que este durante o inquérito disse ter feito sexo oral uma vez com Silvino e em julgamento disse que tinha praticado tal acto duas vezes.

As contradições entre o depoimento desta testemunha e o ex-motorista casapiano, que também falou na mesma sessão, levaram o advogado José Maria Martins a pedir uma confrontação (acareação) entre ambos, já que Carlos Silvino admitiu conhecer o jovem mas negou qualquer abuso sexual.

Hoje, a juíza recusou a pretensão do advogado.

O jovem que hoje depôs contra Carlos Silvino no julgamento do processo Casa Pia era um "rapaz tímido" e carente que tratava o ex-motorista casapiano por "pai" e que foi alegadamente abusado por este aos 14 anos.

Os pais do jovem, nascido em Outubro de 1986, separaram-se quando ele era pequeno, mantendo com o filho contactos muito esporádicos. O pai era um alcoólico desinserido profissionalmente e o menor era alvo de maus-tratos pelo padrasto, refere o Despacho de Pronúncia do processo, datado de 31 de Maio de 2004.

Aquando da sua entrada, era descrito como "um rapaz tímido, com marcas de muito sofrimento e abandono".