Imprensa dividida na análise ao debate entre Santana e Sócrates

por Agência LUSA
Debate "morno" Lusa

A imprensa portuguesa divide-se na apreciação do frente-a-frente televisivo de quinta-feira à noite entre o líder social-democrata Santana Lopes, e o líder socialista José Sócrates, mas é unânime em considerar o debate morno.

Na leitura do único frente-a-frente entre os dois candidatos até às eleições legislativas de 20 de Fevereiro, alguns jornais atribuem a vitória ao presidente do PSD, Santana Lopes, outros ao secretário- geral socialista, José Sócrates, enquanto para outros simplesmente não houve um vencedor.

As divisões quanto à proclamação de um vencedor do debate transmitido em directo pela SIC e Canal 2: reflectem-se também nos painéis de comentadores de cada jornal.

Para o Público, o debate, "morno" e "equilibrado", acabou por favorecer Santana, "dada a desvantagem do líder do PSD, no campo das expectativas".

Segundo este diário, o primeiro-ministro "revelou-se melhor preparado do que se esperaria", enquanto Sócrates "mostrou-se igual a si próprio (...) deixando-se tomar por vezes por alguma irritação, transmitindo nervosismo".

De acordo com o Diário de Notícias, Santana "esteve melhor num debate marcado por momentos de tensão" e "sob o signo do boato".

Com a manchete "a pequena vitória de Santana Lopes", o jornal considera que o líder do PSD surpreendeu num debate marcado pelos boatos, o assunto que dominou os primeiros 15 minutos do frente-a- frente.

Para o Jornal de Notícias, o debate "soube a pouco", considerando o jornal que "Sócrates foi racional e Santana mais emotivo".

O Correio da Manhã, por seu turno, elogia o facto de o debate ter decorrido "sem tabus" e "com civismo", e destaca uma sondagem realizada após o debate, que dá uma vitória clara ao líder socialista.

De acordo com a consulta realizada pela Aximage, através de 120 entrevistas telefónicas, 50,4 por cento dos inquiridos atribuem a vitória no frente-a-frente a José Sócrates, 20,2 por cento a Pedro Santana Lopes, enquanto 29,6 por cento considera que se registou um empate.

Segundo A Capital, que escreve em manchete "a oportunidade perdida de Santana Lopes", o formato do debate prejudicou o líder social-democrata, pois o facto de as regras rígidas terem limitado a retórica anulou um dos grandes trunfos de Santana Lopes, enquanto Sócrates "aproveitou o trabalho de casa".

Também este jornal considera que o frente-a-frente foi "morno" e "não chegou a aquecer o estúdio".

O 24 Horas, que ignora o debate na primeira página, dedica-lhe uma página no interior, debruçando-se sobretudo sobre os "bastidores", ao dar conta da "manifestação da CDU" que aguardava Santana Lopes, e a "claque" da JSD que se concentrou diante do estúdio.

Nos semanários, enquanto o Independente se limita a fazer uma síntese dos temas abordados, o Semanário é peremptório ao considerar que "Santana ganha debate", considerando que o "único debate a dois mostra primeiro-ministro a dominar números".

Na imprensa económica, o Diário Económico dá conta de um "debate +à americana+ com poucas novidades e sem vencedor anunciado", e o Jornal de Negócios comenta que o "debate evita economia", assinalando que os dois candidatos "revelaram convergência em relação a matérias essenciais".

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