"Incerteza". Sem tratado do plástico, ambientalistas pedem acordo à margem

Debaixo de críticas, as negociações do tratado global do plástico atravessam um futuro incerto, depois de os países falharem num acordo. As organizações ambientais não escondem o desânimo e pedem que quem quer uma mudança não desista.

Gonçalo Costa Martins - Antena 1 /

Foto: Nick Fewings - Unsplash

A associação ambientalista Zero lamenta o fraco empenho para chegar a acordo. A vice-presidente Susana Fonseca aponta o dedo ao que chama de lobby do petróleo, e pede união dos outros países. 

"Há todo um enquadramento internacional que tem vindo a afastar-se da centralidade das questões ambientais", aponta, pelo que considera que têm de ser desenvolvidos outros caminhos.

Referindo-se aos "países que já perceberam a relevância de reagir contra a poluição dos plásticos", Susana Fonseca defende que "esses países têm de se juntar e têm de começar a trabalhar conjuntamente, e tentar levar um acordo a bom porto, nem que seja só entre estes países".

Perante o insucesso da conferência que começou no dia 5 de agosto e terminou na sexta-feira em Genebra, na Suíça, as negociações voltam quase à estaca zero, embora se mantenham algumas bases. 

O processo começou há três anos e ontem a proposta não teve luz verde. Valentina Muñoz-Farias, bióloga marinha da organização Sciaena, que esteve em Genebra, diz que "a incerteza é a única coisa que temos até agora", pois não existe data nem local para uma nova ronda de negociações.

Valentina descreve um sentimento de "muita frustração e raiva também" entre os participantes, com horas de espera para saber o resultado do texto final, que acabou por ter a oposição de uma minoria de países em que se incluem os Estados Unidos e várias nações produtoras de petróleo. 

"O texto que foi proposto pelo presidente não tinha, por exemplo, metas de diminuição da produção de plástico. Também não tinha tipos de plástico, nem se estava a falar nisso porque faltava ainda muito para se chegar a esse ponto", afirma a bióloga marinha.

Estas organizações ouvidas pela Antena 1 apontam críticas à gestão das votações, lamentando que seja exigido um consenso entre todos e não a aceitação de uma maioria simples.
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