Indicadores de saúde em Portugal melhoram, mas abaixo das médias europeias

por RTP
Rafael Marchante - Reuters

Os indicadores fundamentais de saúde apontam para uma melhoria nos últimos anos, embora alguns mantenham níveis inferiores às médias da União Europeia. É o que mostram dados do Instituto Nacional de Estatística conhecidos esta segunda-feira.

Considerando o contexto atual de pandemia e o Dia Mundial da Saúde, que se comemora na terça-feira, o INE divulgou alguns indicadores fundamentais sobre a saúde em Portugal.

Esta informação "retrospetiva ganha particular pertinência por permitir enquadrar a informação que diariamente é disponibilizada sobre a pandemia Covid-19", salienta a entidade.

Em 2019, metade da população (50,1 por cento) com mais de 16 anos (incluindo) avaliava como bom ou muito bom o seu estado de saúde, e apenas 15,1 por cento como mau ou muito mau.

"Apesar da melhoria recente na apreciação positiva que os residentes fazem do seu estado de saúde (mais 4,1 p.p. de 2014 para 2019), Portugal continua a ser um dos países da UE-28 em que esta avaliação é mais baixa: 49,3 por cento em 2018, quase 20 p.p. menos que a média obtida para a UE-28 (69,2 por cento)", lê-se no relatório do INE.
Mais anos de vida, mas não de vida saudável
Em geral, os homens são os que mais avaliam positivamente o seu estado de saúde (55,5 por cento em 2019, em comparação com 45,4 por cento das mulheres). Mas, a proporção de pessoas com 65 anos ou mais que avaliam positivamente a sua saúde (14,8 por cento) é "bastante inferior à registada no caso das pessoas dos 16 aos 64 anos (62,2 por cento)".

No ano passado, a esperança de vida saudável para uma pessoa com 65 anos era de 7,3 anos em Portugal - um valor inferior à média europeia (10,0 anos).

De acordo com os resultados do INE, no triénio terminado em 2018, "a expectativa de vida para uma pessoa com 65 anos era de cerca de 19,5 anos (17,6 anos para os homens e 20,9 anos para as mulheres da mesma idade)".

No entanto, "a expectativa de número de anos de vida saudável aos 65 anos era bastante menor": 7,3 anos para a população em geral - 8,2 anos para os homens e 6,9 para as mulheres.

"A esperança de vida à nascença em Portugal foi estimada em 80,80 anos para o total da população no triénio terminado em 2018, mais elevada para as mulheres (83,43 anos) do que para os homens (77,78 anos). Considerando a informação relativa à existência de limitações devido a problemas de saúde, a estimativa de anos de vida saudável à nascença era de 58,6 anos, mais baixa para as mulheres (57,5 anos) do que para os homens (59,8 anos)", esclarece o INE.

Neste sentido, é o ajustamento relativo às limitações devido a problemas de saúde que define a expectativa menor de número de anos de vida saudável depois dos 65 anos.

Facto é que, comparando com os restantes países da União Europeia, em 2018 Portugal posicionava-se em 9.º lugar, "com um valor (7,3) inferior em 2,7 anos de vida saudável aos 65 anos (a média europeia era de 10,0 anos)".

Além disso, era o país onde se registava maior diferença entre a expetativa de anos de vida saudável aos 65 anos para homens e para mulheres.
Há mais serviços médicos privados

Os hospitais públicos ou em parceria público-privada continuaram em 2018 a ser os principais produtores de serviços médicos, "assegurando mais de 80 por centos dos atendimentos em urgência, 75 por cento dos internamentos, perto de 70 por cento das cirurgias e cerca de 64 por cento das consultas médicas".

No entanto, os hospitais privados registaram um aumento na produção de serviços médicos em relação ao ano anterior, "com mais 12,5 por cento de cirurgias, mais 10,4 por cento nos
atendimentos de urgência, mais 6,9 por cento nas consultas médicas e mais 4,3 por cento de internamentos".

Em 2018, havia 230 hospitais em Portugal - 111 pertencentes aos serviços oficiais de saúde (107 hospitais públicos e 4 hospitais em parceria público-privada).

Dos hospitais públicos, 102 hospitais eram de acesso universal e cinco eram instituições de saúde militares ou prisionais. Mas considerando que os hospitais em parceria público-privada eram também de acesso universal, conclui-se que "o número de hospitais de acesso universal por 100 mil habitantes foi de 1,0 em 2018, à semelhança dos três anos anteriores".

No mesmo ano, existiam 119 hospitais privados (mais cinco do que em 2017), "aumentando o predomínio do número de hospitais privados iniciado no ano 2016".

De todas as instituições, cerca de 76 por cento eram hospitais gerais, ou seja, "integravam mais do que uma valência".

Em 2018, havia 35,4 mil camas disponíveis para internamento imediato de doentes - 68,1 por cento em hospitais públicos ou em parceria público-privada e 31,9 por cento em hospitais privados -, o que representa um aumento relativamente ao ano anterior.

Todavia, o número está ainda ligeiramente abaixo do registado em 2008 (35,8 mil), "tendo-se observado ao longo da década uma redução progressiva do peso relativo do setor publico na oferta deste serviço".

Ou seja, o número médio de camas de internamento era de 3,4 por mil habitantes.

Considerando o crescente número de instituições de saúde privada, o INE divulga ainda que os internamentos em hospitais privados continuam a aumentar, relativamente aos anos anteriores.
Mais profissionais de saúde do que na UE
De acordo com os dados divulgados esta segunda-feira, no ano 2018, a Ordem dos Médicos tinha 53 657 profissionais inscritos - mais 14,7 mil que em 2008 - atingindo-se uma relação de 5,3 médicos por mil habitantes (3,7 em 2008).

É de realçar que este aumento "tem vindo a ser consistentemente mais elevado (3,4 por cento em média anual de 2009 a 2017) que o registado na UE-28 (1,3 por cento).

No mesmo período, o número de médicos aumentou 10,7 por cento na UE-28, com uma média de crescimento de 1,3 por cento ao ano", esclarece o documento.

Ao serviço dos hospitais portugueses estavam, nesse ano, cerca de 27 mil médicos, dos quais 83,0 por cento estavam ao serviço nos hospitais públicos ou em parceria público-privada (aproximadamente 22 mil médicos).

A Ordem dos Enfermeiros, por sua vez, registava 73 650 profissionais no mesmo ano - mais 16,9 mil que em 2008 (eram 56 709 em 2008) - estimando-se que há 7,2 enfermeiros por mil habitantes (5,8 em 2008).

Destes, nos hospitais portugueses contavam-se cerca de 43 mil, 88,1 por cento afetos a hospitais públicos ou em parceria público-privada.

A verdade é que os dados indicam que, para além de haver mais profissionais nos últimos anos, houve também um aumento de atendimentos nas urgências e de consultas médicas realizadas nos hospitais portugueses.

De acordo com a informação, realizaram-se cerca de 7,8 milhões de atendimentos nos serviços de urgência dos hospitais - um aumento de 2,5 por cento em relação ao ano anterior - tendo os hospitais públicos ou em parceria público-privada realizado 82,6 por cento e os hospitais privados 17,4 por cento.

as consultas externas tiveram um crescimento mais expressivo nos hospitais privados. Assim, o número de consultas médicas na unidade de consulta externa dos hospitais aumentou 3,0 por cento entre 2017 e 2018 - nos hospitais privados mais 6,9 por cento e nos hospitais públicos ou em parceria público-privada mais 0,9 por cento.

Foram realizadas cerca de 20,4 milhões de consultas médicas na unidade de consulta externa dos hospitais, das quais 63,8 por cento foram asseguradas por hospitais públicos ou em parceria público-privada, tendo os hospitais privados realizado 36,2 por cento do total de consultas.
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