Indústria Farmacêutica pede investigação a denúncias de Cordeiro

A Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma) pediu ao Ministério Público que investigue "com carácter de urgência" as acusações de "negociatas" no sector proferidas pelo presidente da Associação Nacional de Farmácias (ANF). João Cordeiro afirmou que "os consumidores estão a ser usados como uma cortina de fumo para esconder compadrios e cumplicidades inconfessáveis".

RTP /

Na passada sexta-feira, em conferência de imprensa, o presidente da ANF prometia denunciar, em pastas a remeter aos partidos com assento parlamentar, "as negociatas que alguns interesses têm estado a fazer" no sector da produção de fármacos. João Cordeiro dizia-se também "traído" na sua "boa-fé" pelo primeiro-ministro, que acusou de mentir ao desrespeitar o acordo firmado a 26 de Maio de 2006 com a Associação de Farmácias para a reposição da "margem de distribuição em vigor em 2005".

Cordeiro viria a recuar, horas depois, nas acusações ao primeiro-ministro, alegando que só após a conferência de imprensa tomou conhecimento de que José Sócrates desconhecia "os procedimentos sigilosos" relativos à alteração do regime de instalação de farmácias hospitalares, aprovada "à pressa", na véspera, em reunião do Conselho de Ministros, "e a circunstância de não terem sido consultados os parceiros sociais, designadamente a ANF".

Em comunicado posterior, João Cordeiro acrescentaria que só depois do encontro com os jornalistas ficou a saber que "as normas que protegiam escandalosamente os actuais concessionários foram retiradas do diploma pelo próprio Conselho de Ministros", sustentando que, naquelas "circunstâncias", haveria "condições para ser retomada a normalidade das relações entre o Governo e a ANF".

Para a Apifarma, as justificações apresentadas pelo presidente da ANF não retiram premência às acusações de "extrema gravidade" deixadas na conferência de imprensa de 24 de Julho, quando João Cordeiro alegou que os consumidores estariam "a ser usados como uma cortina de fumo para esconder compadrios e cumplicidades inconfessáveis".

Apifarma quer pôr termo a "acusações sem rosto e sem confirmação"

"Dadas as acusações e a forma como foram proferidas, atingindo o bom-nome de todos os operadores da área do medicamento", adiantou esta quarta-feira a Apifarma, os serviços jurídicos da Associação solicitaram à Procuradoria-Geral da República a abertura de um inquérito para "apurar a consistência das declarações de João Cordeiro".

"A serem reais as ilegalidades e ilegitimidades que João Cordeiro vem agitando com monótona regularidade, especialmente quando em causa está a conquista de mais e maiores vantagens económicas para a ANF, parece óbvio que a denúncia de tais factos, passíveis de eventual procedimento criminal, deve ser feita, em primeira instância, ao Ministério Público, entidade com poderes para investigar e acusar eventuais prevaricadores", lê-se num comunicado da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica.

A Apifarma considera ainda que "é tempo de as autoridades judiciais esclarecerem, definitivamente, as verdadeiras motivações e razões do presidente da ANF".

O pedido de investigação, a que o Ministério Público já acedeu, visa pôr termo "de uma vez por todas" a "acusações sem rosto e sem confirmação, subterfúgio recorrentemente utilizado como arma de intoxicação da opinião pública e de chantagem junto do poder político quando se trata, por exemplo, de impor maiores margens de comercialização dos medicamentos a favor das farmácias".

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