Inglês no 1º ciclo custou quatro vezes menos com recurso às autarquias
A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, revelou terça-feira que o programa de generalização do ensino de Inglês no primeiro ciclo custou ao seu Ministério quatro vezes menos com o recurso às parcerias com municípios.
"Conseguimos executar o programa de generalização do ensino do Inglês a todo o país quatro vezes mais barato do que se fizéssemos directamente através do Ministério da Educação" (ME), disse Maria de Lurdes Rodrigues no Porto, num debate sobre educação e competitividade.
A ministra salientou que a parceria com os municípios e as associações de pais e professores permitiu organizar melhor a implementação do programa, evitando problemas como a contratação centralizada no ME de professores para as cerca de 4.500 escolas com poucos alunos nos anos de aplicação do programa (terceiro e quarto).
"Os sindicatos acusam-nos de estarmos a privatizar a educação.
Deve ser tudo verdade, mas não foi essa a nossa intenção", referiu a ministra.
Maria de Lurdes Rodrigues disse ainda que os programas de Inglês do quinto e sexto anos deverão manter-se inalterados, com matérias de iniciação, apesar da introdução do ensino desta língua no primeiro ciclo.
Segundo a ministra, a concretização do programa está a ser avaliada pela Associação de Professores de Inglês, que, até ao momento, considerou que "não será necessário intervir nos programas do cinco e sexto anos".
A frequência das aulas de Inglês no primeiro ciclo não é obrigatória, mas o programa lançado este ano lectivo pelo Governo tem já uma taxa de cobertura de 97 por cento, realçou a ministra.
Maria de Lurdes Rodrigues considerou "demencial" colocar 130 mil a 150 mil professores por ano em todas as escolas públicas do país, como aconteceu até agora, frisando que um processo centralizado como este "só pode correr mal" e apenas "reforça o poder dos sindicatos".
"O actual sistema de colocação de professores tem muito poucas vantagens. Não sei quando é que o país o vai poder mudar", afirmou a governante, para quem "talvez" fosse melhor adoptar outro modelo, como o da contratação de médicos para o Serviço Nacional de Saúde.
"Neste momento, o concurso de professores é de facto um tabu.
Tudo o que conseguimos foi dizer-lhes que ficam lá quatro anos", afirmou.