Inspector da PJ nega que empreiteiro tenha sido agredido na polícia para confessar morte da mulher
Amarante, 14 Mar (Lusa) - Um inspector da Polícia Judiciária negou hoje em tribunal que o empreiteiro de Mancelos suspeito do homicídio da mulher tenha sido agredido nas instalações da polícia para confessar o crime.
"É absolutamente falso a acusação de agressão ao arguido", declarou Machial Pinto ao tribunal, embora confirme que levou Jaime Pinto Babo ao hospital de S. João, onde foi assistido a vários hematomas e lhe foi detectado um traumatismo craniano.
O inspector reconhece que o arguido, interrogado nas instalações da Directoria do Porto da PJ na noite a seguir a crime, teve de ser "dominado" depois de, segundo a sua versão, "ter-se atirado a um colega que participava no interrogatório".
"Quando foi preciso controlar o arguido foi necessário utilizar a força e as lesões apresentadas podem resultar da forma como foi controlado no chão", reconheceu.
O inspector Machial acrescentou que o arguido foi levado ao hospital de S. João pouco depois das 07:00 de 16 de Março de 2007, mas que o fez de livre vontade e "sem algemas".
O relatório da urgência hospitalar refere que foi assistido a hematomas e a um "traumatismo craniano não especificado", tendo-lhe sido dada alta médica 45 minutos depois.
Para o inspector da PJ - José Pinto Babo permanece em silêncio desde o início do julgamento mas vai negando com um movimento da cabeça algumas das afirmações dos investigadores da Polícia Judiciária - após receber alta hospitalar o arguido preferiu voltar para a polícia e confessar o crime.
"Acho que ele tinha vergonha de assumir o crime perante as filhas", sustentou Machial Pinto.
A tese da defesa é completamente diferente e tem confrontado os inspectores da PJ com a acusação de agressão nas instalações da polícia.
Além disso, na contestação que apresentou ao tribunal a defesa requer a nulidade do auto que o arguido assinou na Polícia Judiciária e na reconstituição do crime.
Segundo a defesa, as declarações do arguido nas instalações da PJ, na reconstituição e no auto do primeiro interrogatório ao juiz de instrução do tribunal de Penafiel "são nulas", por terem sido obtidas "mediante tortura, ofensa à integridade física e ameaças de morte".
Foi ainda apresentada uma queixa crime contra os inspectores da PJ envolvidos nesta investigação, inquérito ainda em curso no Ministério Público.
No seu depoimento, o inspector afirmou que investigaram o percurso do arguido desde que saiu de casa até Tui (Espanha), onde levantou dinheiro, e se serviram das células das antenas de telemóveis e da via verde para reconstituir os seus passos no dia do crime.
Nesta sessão foram ainda ouvidos os funcionários de um rent-a-car do aeroporto Sá Carneiro, onde o arguido alugou uma viatura, e do posto de combustível onde Jaime Pinto Babo esteve alguns minutos antes da morte da mulher, segundo a acusação do Ministério Público.
O julgamento prossegue dia 25 de Março.
JDS