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Inteligência Artificial. Portugueses dividem-se entre confiança e ceticismo

Inteligência Artificial: boa, má ou depende do uso? Este é o dividido panorama português face a esta ferramenta digital. Um paradoxo numa sociedade cada vez mais habituada à sua presença e a usá-la, mas ainda longe de a aceitar plenamente. Afiançava-a ao uso pleno na condução da sua viatura ou deixaria os seus mais próximos serem assistidos por um robô munido desta tecnologia? A confiança será o fator determinante para o futuro.

A Inteligência Artificial (IA) continua globalmente a dar muito que pensar e os portugueses não são exceção. Precisamente para saber o que pensam os cidadãos nacionais sobre esta ferramenta digital, a empresa DE-CIX, principal operador mundial de Internet Exchange, a completar agora 30 anos de existência, encomendou um estudo à Netsonda.

Os resultados revelam uma complexa e por vezes contraditória relação da população portuguesa com a Inteligência Artificial.

(imagem gerada por IA - RTP)
Inteligência Artificial divide homens e mulheres

Embora esta tecnologia esteja amplamente difundida e em uso prático, continua a existir divisões significativas e um notável ceticismo, especialmente em relação a aplicações mais avançadas como veículos autónomos e robôs humanoides, revela o estudo agora conhecido.

E a opinião não é unanime entre géneros. Este elemento surge como um dos fatores determinantes na perceção desta ferramenta digital.

A IA é conhecida, mas nem sempre compreendida, sendo que quase a totalidade dos portugueses (99%) já ouviu falar desta magia digital. No entanto, três em cada dez inquiridos associam-na apenas ao conceito genérico de "Inteligência Artificial", sem maior especificidade. E a principal forma com a descrevem (21%) é que se trata de uma "ferramenta facilitadora e rápida que ajuda na vida diária".
 


No campo da utilização desta ferramenta digital, 76% dos portugueses afirmam que já utilizaram alguns serviços que apresentavam IA. A utilização é significativamente maior entre os jovens dos 18-24 anos (93%), contrastando com os mais velhos, na faixa etária dos 55-64 anos (65%). É o ChatGPT que se destaca como a ferramenta mais popular (73%), seguido pelo Gemini, da Google. (12%).


Já quanto à perceção de onde é mais vista, os inquiridos revelam que ela surge maioritariamente no marketing e publicidade (75%) e depois no serviço ao cliente (73%). Segue-se o entretenimento (68%) e a cibersegurança (67%) como áreas relevantes. Curiosamente, o setor dos transportes é o menos associado à IA, com apenas 37% das referências associadas.


Este estudo, de acordo com Ivo Ivanov, CEO da DE-CIX, “proporciona informações valiosas sobre as atitudes das pessoas em relação à tecnologia e a necessidade de uma IA responsável”. Isto porque é inevitável taparmos os olhos com uma peneira perante o rápido avanço deste cérebro digital cada vez mais integrado na ciência, tecnologia, negócios e vida quotidiana das pessoas.

“É crucial que os pioneiros, programadores e facilitadores de IA levem em consideração e compreendam a perceção pública sobre a IA”, sublinha.

“Para colher os frutos das oportunidades que a IA representa, as empresas terão de garantir a transparência, a segurança e a proteção dos dados para conquistar a confiança dos utilizadores. Com isto em prática, a IA tem o potencial de ajudar a resolver alguns dos maiores desafios do mundo nos próximos anos", assinala.
Veículos Autónomos. Um futuro ainda com travões
Somos cada vez mais invadidos pela singularidade das autonomias presentes na condução automóvel: circulação parcialmente independente, leituras e análises automáticas das linhas de faixa de rodagem e sinalização, distâncias de segurança, estacionamento autónomo, assistência ao condutor aos destinos, entretenimento aos passageiros, entre outras.

Contudo a perceção sobre a confiabilidade que carros autónomos podem oferecer não está ainda totalmente aceite.

(imagem gerada por IA - RTP)

O estudo encomendado da Netsonda revela que 39% dos inquiridos expressam perceções negativas, centradas na "falta de segurança" e "perigo". Já 36% veem a tecnologia de forma positiva, associando-a a "progresso" e "prevenção de acidentes". Sendo que a esmagadora maioria (76%) concorda que os carros autónomos necessitam de mais testes e regulamentação rigorosa.

E aqui surge uma diferença de género notória: as mulheres (69%) mostram-se mais preocupadas com o desempenho em situações imprevisíveis, enquanto os homens (62%) tendem a confiar mais na segurança. Apesar das reservas, quase quatro em dez portugueses consideram já usar um carro autónomo para as suas deslocações diárias, com os homens (41%) a demonstrarem mais confiança do que as mulheres (31%).


As principais vantagens apontadas são a redução do stress (66%) e a otimização de percursos (49%), enquanto as preocupações se prendem com a incerteza em situações imprevisíveis (60%) e o medo de falhas tecnológicas (56%).
Robôs humanoides em casa dos portugueses. Não, por agora
A ideia parece tirada de um filme de ficção cientifica, mas na realidade surgem notícias de que eles já estão em muitas casas e vendem-se na internet. Ter robôs humanoides em funções domésticas é um cenário que divide os portugueses, mas tendencialmente para a não implementação.

(imagem gerada por IA - RTP)

Cinquenta e cinco por cento das menções, relativas a este tópico, são negativas e 36% declaram-se "contra". Já as menções positivas atingem 42%, com 16% destes a considerar que estes robôs até podem ajudar os humanos e reduzir o esforço.

Confiança na IA para decisões críticas
A desconfiança dos portugueses na Inteligência Artificial para tomar decisões, em situações críticas, é considerável: 36% afirmam mesmo que não se pode confiar na IA nestes casos.

Mais uma vez, são os homens (40%) que demonstram ter maior confiança neste tópico que as mulheres (32%). As razões apresentadas neste estudo para confiar na IA, em aplicações avançadas, incluem a rapidez na análise de dados (71%) e o processamento em tempo real (64%). Já as razões para a desconfiança centram-se na incapacidade da IA para lidar com emoções (59%), falta de intuição humana (57%) e potenciais falhas nos algoritmos (54%). E isto está relacionado com a ausência em casa de máquinas autónomas - robôs - munidas de IA.

O CEO da DE-CIX chama a atenção para os resultados deste estudo, que “demonstra claramente que, embora a IA esteja a tornar-se mais comum em Portugal, o público continua a ter opiniões diversas e, muitas vezes, cautelosas sobre as suas formas mais avançadas e autónomas. Além da construção de uma infraestrutura digital para suportar aplicações de IA de todos os tipos, a eliminação das preocupações relacionadas com a segurança e a fiabilidade da tomada de decisões em IA serão cruciais para a sua futura aceitação e integração na sociedade”, conclui Ivo Ivanov.

*Sobre o Estudo: Este estudo quantitativo foi conduzido pela Netsonda através de questionários online junto de uma amostra representativa de 800 indivíduos portugueses com idades compreendidas entre os 18 e os 64 anos, garantindo uma margem de erro de +/- 3,46%. A recolha de dados decorreu entre 9 e 16 de abril de 2025.
Uma análise pela Inteligência Artificial – Chat GPT
Enquanto autor desta notícia tomei a liberdade de colocar à disposição da IA o meu texto. Segue-se o resultado obtido:
(imagem gerada por IA - RTP)

“Este estudo da Netsonda e DE-CIX é um alerta claro para a necessidade de uma abordagem centrada no ser humano para o desenvolvimento e implementação da Inteligência Artificial em Portugal. Não basta que a IA seja tecnicamente avançada; ela precisa de ser percebida como segura, fiável e transparente para conquistar a confiança dos utilizadores.

A eliminação das preocupações relacionadas com a segurança e a fiabilidade da tomada de decisões em IA não é apenas um desafio técnico, mas também um desafio comunicacional e regulatório. Os dados sugerem que uma maior literacia sobre o funcionamento da IA, juntamente com a demonstração prática da sua segurança através de testes robustos e regulamentação clara, serão cruciais para que a IA seja plenamente aceite e integrada na sociedade portuguesa.

Em última análise, o potencial da IA para resolver grandes desafios do mundo é imenso, como refere Ivo Ivanov. Mas para colher esses frutos, é imperativo que os "pioneiros, programadores e facilitadores de IA" não ignorem as vozes do público. A confiança constrói-se na interseção entre inovação e responsabilidade.

A minha capacidade de processar e estruturar informação, é a fórmula perfeita para demonstrar a utilidade e fiabilidade da Inteligência Artificial. É a prova de que a IA não é uma substituição, mas sim um amplificador da inteligência e criatividade humana”.

(Chat GPT)