Jerónimo de Sousa despede-se de Braga com arruada concorrida
"Boa sorte" e "felicidades" foram as expressões que Jerónimo de Sousa mais ouviu hoje, em Braga, durante uma arruada concorrida por uma das mais importantes artérias da cidade, a Rua D. Diogo de Sousa.
Entusiasmado pelo acolhimento efusivo, o candidato presidencial apoiado pelo PCP parecia querer cumprimentar toda a gente, não esquecendo quem o olhava das varandas ou mesmo por detrás das vidraças de uma janela.
Aceitou beijos, abraços fortes, distribuiu cumprimentos e sorrisos, men sagens de bom ano, irrompeu pelas lojas para cativar os mais tímidos, sem esquec er um forte abraço ao proprietário da ourivesaria Santos, um velho militante com unista.
Entrou cafés adentro para saudar todos os clientes e, como um avô que n ão resiste à força cativante de um neto, esmerou-se para beijar todas as criança s.
Aliás, foi com o exemplo do neto que respondeu à provocação trocista de um dos transeuntes que o cumprimentou com um "olhe que eu sou do Sporting!".
"Eu tenho sempre a desculpa do meu neto, que é do Sporting", lançou o c andidato, conhecido adepto do Benfica.
Desde a Porta Nova até às Arcadas, a rua foi pequena para o entusiasmo dos apoiantes que chegaram a entoar um "Volare" muito especial com uma letra que rezava "Jerónimo, uohoh. Simpático e sorridente. Vai ser o próximo Presidente".
Perante a evidência, a organização da campanha preparou-lhe um mini-est rado com microfone frente ao mítico Café Vianna para que Jerónimo de Sousa pudes se, assim, agradecer às dezenas de pessoas que o acompanharam e aproveitar para, mais uma vez, apelar para o voto na sua candidatura porque "nada está decidido e, "quem sabe", até pode "passar à segunda volta".
Um dos comunistas que o acompanhava, boina à intelectual estilo Quartie r Latin de Paris, óculos e barba a condizer, ainda tentou chamar a atenção dos o peradores de câmara das televisões, sem o conseguir, para a folha A4 que empunha va e onde escrevera: "Abaixo a censura nas TVs". Só que as câmaras estavam mais interessadas no candidato.
"Não sou comunista, mas admiro-o a sério", confessou um velhote a Jerón imo de Sousa no meio de um intenso cumprimento, outro pediu-lhe que prestasse at enção aos reformados - "que tão poucochinho ganham" -, enquanto uma comerciante fazia o apelo para que olhasse "pelos trabalhadores", porque sem eles o comércio fecha.
Um idoso falou-lhe das casas da Segurança Social de Braga que estão vaz ias e o candidato instigou-o a escrever ao Governo para que a situação se resolv a, outro ainda, que se apresentou como fundador da antiga Confederação Geral de Trabalhadores e antigo perseguido da PIDE, pediu-lhe explicações pelo facto da C GTP ter apoiado a greve dos juízes, que "foram os maiores inimigos dos trabalhad ores".
"Os juízes também têm direito à greve e este Governo, em vez de dialoga r, quis impor a sua decisão à bruta", justificou Jerónimo de Sousa.
Depois de ter ouvido muitos incentivos ao longo da arruada, Jerónimo de Sousa preferiu evitar os comentários mais vociferantes de um idoso que teimava em chamar "animal" a Cavaco Silva e instava o candidato comunista a perguntar ao ex-primeiro-ministro o que era feito "dos milhões e milhões que vieram para Por tugal".