Jorge Sampaio prudente quanto ao Kosovo e ao alargamento da NATO e adepto de "mais Europa"

Aveiro, 02 Mar (Lusa) - O ex-presidente da República Jorge Sampaio, actualmente a desempenhar funções nas Nações Unidas, sustentou hoje ser necessário "mais Europa" em matérias como a política externa e a defesa, bem como "uma relação transatlântica mais adulta".

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Actualmente a desempenhar funções de enviado especial de Alto Representante para a Aliança das Civilizações das Nações Unidas e do Secretário-geral ONU para a luta contra a Tuberculose, Jorge Sampaio falou aos jornalistas sobre a construção europeia e a actualidade internacional, à margem do seu doutoramento honoris causa, hoje outorgado pela Universidade de Aveiro.

"A prudência e análise fria dos acontecimentos é altamente recomendável, numa área em que há muitos problemas por resolver", observou, resguardando a sua opinião pessoal, quando instado pelos jornalistas a comentar o alargamento da NATO à Ucrânia e à Geórgia e a advertência da Rússia de que não se remeterá a uma atitude passiva.

Prudência foi também a recomendação que fez a um eventual reconhecimento da independência do Kosovo por Portugal, que tem mantido reservas após a proclamação unilateral e que conta com a oposição da Espanha, da Rússia e da China, apesar de vários países europeus já a terem reconhecido.

O momento que o Zimbabué está a atravessar é visto por Jorge Sampaio com esperança de que marque uma evolução positiva daquele país africano.

"Qualquer que seja o resultado (das eleições) esperamos que sejam o começo de uma evolução daquele país que já foi importantíssimo no contexto da África Austral", disse Sampaio.

A globalização com os seus riscos, desafios e oportunidades, foram temas da sua "oração de agradecimento", em que realçou a importância de "uma activa cooperação entre os Estados, assente nos princípios democráticos e num multilateralismo responsável".

Nesse quadro, sublinhou as virtudes da integração europeia, como "cimento de paz e caminho de prosperidade", sem deixar de lamentar que tenha faltado no percurso da construção europeia "a capacidade de criar um espaço público europeu efectivo e interventor, bem como um sentimento de pertença a uma comunidade de destino".

Invocando o "património de valores" da Europa, que "pode e deve concorrer para uma mais activa harmonização de interesses à escala mundial", concluiu que é de "pedir mais e melhor Europa, aplicando com equilíbrio os princípios da subsidiariedade e proporcionalidade, agora que o Tratado de Lisboa afastou álibis de desadequação institucional".


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