Juíza Liliana Carvalho garante estar em condições para trabalhar
Aveiro, 19 jan (Lusa) - O julgamento do processo `Face Oculta` foi retomado hoje, no juízo criminal de Aveiro, após quase um mês de paragem, com a juíza do coletivo Liliana Carvalho a garantir estar em condições para trabalhar.
A magistrada, que esteve de baixa médica, o que levou à suspensão do julgamento desde finais de novembro, falou pela primeira vez em tribunal para assegurar que se encontra em condições de integrar o coletivo de juízes que está a julgar o caso.
"Estou melhor. Agradeço a compreensão de todos pelo esforço acrescido, ciente do incómodo nos agendamentos. Os votos de melhoras ajudam à recuperação", afirmou a juíza, manifestando o desejo que o julgamento "corra com mais normalidade" a partir de agora.
Ainda assim, o juiz presidente Raul Cordeiro decidiu reduzir de quatro para três o número de sessões por semana, pelo menos durante os próximos 30 dias.
Nos outros dois dias da semana, a juíza Liliana Carvalho irá deslocar-se ao hospital de Vila Real para fazer tratamentos.
O julgamento do processo `Face Oculta` esteve suspenso três semanas devido à doença da referida juíza e foi retomado a 21 de dezembro para não deixar passar mais de 30 dias sem produção de prova.
No entanto, imediatamente a seguir, começaram as férias judiciais da quadra do Natal, que se prolongaram até 3 de janeiro, e só hoje o julgamento regressou ao juízo criminal de Aveiro para a 13.ª sessão.
A sessão desta manhã foi preenchida com o depoimento de Rui Carvalho, inspetor da PJ que coordenou as investigações.
O juiz presidente decidiu ainda que o depoimento do arguido Paulo Penedos, que foi interrompido no dia 18 de novembro, continuará nos dias 28 e 29 de fevereiro e 01 de março, a pedido do seu advogado, Ricardo Sá Fernandes, que admitiu que demorará pelo menos um dia a inquirir o seu cliente.
A sessão foi interrompida cerca das 12:45 e será retomada ao início da tarde.
Desde o dia 08 de novembro, início do julgamento, o tribunal já ouviu quatro arguidos, designadamente o antigo ministro e ex-vice presidente do BCP, Armando Vara, o ex-presidente da REN (Redes Energéticas Nacionais) José Penedos, o ex-quadro da Galp António Paulo Costa e o administrador da IDD - Indústria de Desmilitarização e Defesa José António Contradanças.
Dos seis arguidos que manifestaram a intenção de prestar declarações nesta fase do processo, falta ainda ouvir o gestor Lopes Barreira, que está a aguardar autorização do hospital de Aveiro para fazer o tratamento de hemodiálise a que é sujeito três vezes por semana.
O caso `Face Oculta` está relacionado com uma alegada rede de corrupção que tinha como objetivo o favorecimento de um grupo empresarial de Ovar ligado ao ramo das sucatas nos negócios com empresas do setor empresarial do Estado e privadas.
No banco dos réus estão sentados 36 arguidos (34 pessoas e duas empresas) que respondem por centenas de crimes de burla, branqueamento de capitais, corrupção e tráfico de influências.