Julgamento de irmãos acusados de morte de pintor espanhol interrompido
Madrid, 11 Nov (Lusa) -- O julgamento de dois irmãos portugueses acusados do homicídio, há mais de 15 anos, do artista espanhol Abel Martin, está interrompido, sem data para as sessões finais, enquanto se espera a conclusão de provas periciais.
Fonte do tribunal e os advogados de defesa de Gonçalo Manuel Montezuma e Manuel Franco Montezuma confirmaram à Lusa que o tribunal pediu uma prova de peritagem "independente" a um quadro apresentado pela acusação na última sessão do julgamento.
"A necessidade de suscitar essa peritagem levou à suspensão temporária do julgamento depois das três primeiras sessões. Não antecipamos que esteja concluída até pelo menos quarta-feira", explicou fonte do tribunal em Madrid à Lusa.
A mesma fonte referiu que depois de certificada essa prova pericial haverá ainda que ouvir as alegações finais dos advogados e da acusação e as declarações finais dos dois arguidos.
"Depois antecipamos que possam decorrer pelo menos seis dias para a redacção da sentença", disse a mesma fonte.
Os dois arguidos protestaram já inocência no inicio do julgamento, em que são acusados de a 06 de Agosto de 1993 terem morto Martin para roubar várias obras de arte.
Sem provas forenses que relacionem qualquer dos dois arguidos com a morte de Abel Martin, o caso da acusação assenta, no essencial, em relatos policiais e testemunhos que relacionam os dois portugueses com o artista e alegadamente com obras de arte que terão sido roubadas da casa.
A defesa, e como explicou à Lusa Carmen Merino Merino, advogada de Conçalo, insiste que nenhum dos arguidos estava em Madrid e que os testemunhos são "débeis" e sem qualquer documento comprovativo.
Os argumentos da defesa são insuficientes, na opinião de Eduardo Pera Casado, advogado de acusação particular, que garantiu à Lusa haver "mais do que indícios" que relacionem os dois arguidos com o crime.
Casado alega que os dois irmãos estiveram mais de 12 anos "em fuga das autoridades", sob um mandado de captura internacional, e acusa a defesa de "instrumentalizar" o caso com sucessivos atrasos processuais ao longo de mais de 18 meses.
O caso foi arquivado inicialmente pela Justiça portuguesa, mas em 2005, no caso de Manuel Franco, e 2007, no de Gonçalo, a justiça espanhola acabou por reabrir o caso, detendo os dois irmãos que manteve em prisão preventiva.
ASP.
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