O secretário-geral do PCP disse hoje esperar que o Governo não se deixe levar por "uma onda caricata anticomunista" e abandone medidas como o arrendamento forçado no pacote de habitação, que reiterou "passar ao lado" dos principais problemas.
Líder do PCP espera que Governo "não se deixe levar por onda caricata anticomunista"
Em conferência de imprensa na sede do PCP sobre o tema da habitação, Paulo Raimundo reiterou a justeza de propostas do partido já rejeitadas no parlamento para limitar o valor das rendas e defender as famílias com créditos à habitação, impedindo despejos, e assegurou que irá continuar a bater-se por elas "com criatividade" e como "bandeiras de luta".
"O pacote de medidas do Governo passa completamente ao lado dos negócios imobiliários e da banca e não olha para eles como instrumentos necessários à resolução do problema e tem outra opção: pegar dm dinheiros públicos para os continuar a alimentar", criticou.
Questionado sobre as declarações de Cavaco Silva no sábado -- afirmou que a crise na habitação "é resultado do falhanço da política do Governo" -, o líder comunista não quis interpretar as suas intenções, mas deixou uma certeza.
"Esta situação a que chegámos hoje tem muitos e variados responsáveis, não há forma de o ex-primeiro-ministro e ex-Presidente da República se livrar das responsabilidades a que chegámos", afirmou.
E à pergunta se o PCP tem alguma expectativa de que o executivo ainda possa corrigir os diplomas em discussão pública, Paulo Raimundo manifestou o receio contrário.
"Esperamos que, no meio disto tudo, o Governo não se deixe levar por esta onda estranha e caricata, esta onda anticomunista -- em que até se acusou o primeiro-ministro do maior comunista de todos os tempos - e não enrolem a corda numa ou noutra coisa que está em cima da mesa", afirmou.
Paulo Raimundo admitiu estar a referir-se à medida que prevê o arrendamento forçado de imóveis devolutos, que considerou positiva, embora assegurando que não será "essa cerejinha no bolo" que levaria o PCP a votar as medidas do Governo na área da habitação.
Já sobre as responsabilidades do PCP no problema da habitação -- pelo tempo em que apoiou no parlamento um governo minoritário do PS -, Paulo Raimundo respondeu que o impacto das taxas de juro "não se colocava há três, quatro ou cinco anos atrás".
"Mas o problema da habitação, no médio e longo prazo, ficou arredado da nossa vida pública", considerou.