Lucie Antunes encanta em Porto Covo
Pela primeira vez a pisar um palco português, em Porto Covo, Lucie Antunes tem "desenhado" um caminho na nova eletroacústica francesa, uma jovem maestrina que procura continuar o trabalho de autores como John Cage, Steve Reich e Chassol.
A compositora franco-portuguesa procura traduzir a música erudita para uma linguagem pop e o público do Festival Músicas do Mundo apreciou o arrojo eletrónico. "É genial tocar no FMM com pessoas de todo o mundo", afirmou em entrevista à Lusa.
Em concerto, Lucie Antunes (composição musical, percussão, vibrafone, marimba, bateria) faz-se acompanhar de Jean-Sylvain Le Gouic (sintetizador, voz) e de Franck Berthoux (processamento sonoro ao vivo, sintetizadores modulares).
Com formação clássica em percussão e inspirada pelos pioneiros do minimalismo, Lucie trata por tu instrumentos que dificilmente serão vistos num concerto pop como o vibrafone, a marimba, a celesta ou as ondas Martenot.
Podendo fazer uma carreira em orquestras, preferiu a liberdade da pop eletrónica e as experiências eletroacústicas. Na bateria ou na sua panóplia de percussões, Lucie, que vinha muitas vezes com o pai (português) a Lisboa, cria música de dança hipnótica, guardada no álbum "Sergeï" e no EP "LNM".
"Fui eu que compus todos os temas e depois criámos versões para mostrarmos ao vivo com os músicos que me acompanham em palco. Toco tudo o que é acústico e eles encarregam-se do que é eletrónico. Estamos juntos há dois anos e os discos são muito diferentes dos concertos. É mais vivo e em álbum é muito mais eletrónico", descreve Lucie.
Infelizmente, afiança, há uma produção em disco que não podem recriar ao vivo. E também não dispõem de "grande espaço para improvisação" porque tocam com uma "componente eletrónica". Como se tivessem um metrómono que são "obrigados a respeitar". Têm de respeitar a parte escrita, o que torna a improvisação "quase impossível". Nem sempre é possível recriar o cenário e ambiente do vídeo musical "LNM". Em termos de cenografia é uma produção "muito dispendiosa e nem o palco de Porto Covo o permitiria", revela a compositora.
Pessoalmente, em termos de música eletrónica atual, a artista franco-portuguesa assume gostar "muito" de LCD Soundsystem, Pantha Du Prince e Caribou. "São grandes referências para mim", remata.
O Festival Músicas do Mundo (FMM) decorre no concelho de Sines até 30 de julho, depois de uma pausa de dois anos, com uma programação que inclui 47 concertos de artistas de quatro continentes.
Além dos concertos, a programação do festival inclui uma série de iniciativas paralelas, como exposições, "workshops", visitas guiadas, animação de rua, uma feira do livro e do disco e debates.
O programa completo do 22.º FMM pode ser consultado no "site" oficial do festival, em www.fmmsines.pt.