Mãe do "menino azul" reclama subsídio prometido em 2005
A mãe de Emanuel Silva, o "menino azul" que sofre de uma doença rara, vai quarta-feira à Assembleia da República reclamar o pagamento de um subsídio atribuído pelo Governo do PSD/CDS-PP em 2005 que alega nunca ter recebido.
Helena Silva disse à Agência Lusa que tem encontro marcado com o ex-ministro da Saúde, Luís Filipe Pereira, e o ex-ministro da Segurança Social, Fernando Negrão, responsáveis por um despacho de Fevereiro de 2005 que prometia um subsídio mensal vitalício para todos os doentes de Síndroma de Alagille e Tetratologia de Fallot.
Emanuel Silva, hoje com nove anos, sofre de ambas as doenças, que, afectando-lhe coração e fígado, lhe provocam um tom azulado na pele quando se agudizam.
O subsídio, decidido por despacho do Governo PSD/CDS-PP e apresentado em Fevereiro de 2005, "não é reconhecido" pelo actual Executivo, uma informação que Helena Silva diz ter recolhido junto da Casa Civil do Presidente da República.
O dinheiro destinar-se-ia a apoiar os custos médicos e hospitalares de todos os pacientes com as doenças que Emanuel tem.
Helena Silva vai também levar o caso ao Provedor de Justiça, esperando que Nascimento Rodrigues "veja o processo e procure apurar as responsabilidades".
A mãe do "menino azul" diz ter recusado propostas para levar Emanuel para os Estados Unidos - onde já esteve internado - na perspectiva de receber o subsídio que custearia os tratamentos do filho, mas lamenta que quase ano e meio depois esteja dependente de "350 euros de Rendimento Mínimo Garantido", que recebe desde Fevereiro, mas que vai quase todo "para pagar a renda de casa".
Emanuel e a mãe recebem ainda ajuda da autarquia de Vila Nova de Famalicão, onde moram, e de organizações de ajuda humanitária.
"Estou a viver num inferno", declara, afirmando que o estado de saúde de Emanuel "nunca esteve tão mau", uma vez que não tem dinheiro para levantar as receitas.
Helena Silva afirma ter acumulado "30 mil euros de dívidas".
Devido à doença do filho, Helena Silva afirma não poder trabalhar, e a vida dos dois resume-se a estarem "fechados em casa", com dificuldades económicas crescentes.