Mãe que perdeu feto admite processar hospital do Barreiro por "atendimento insuficiente"

Uma das grávidas que perdeu o feto ao ser seguida no Hospital do Barreiro admite processar judicialmente a instituição, considerando que não foi bem acompanhada nos vários exames que realizou naquela unidade durante a gravidez.

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Maria João referiu à Lusa que se deslocou ao Hospital Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro, duas vezes antes de, à terceira, a informarem da morte do feto, na altura com cerca de 35 semanas.

"Fiquei indignada quando vi a notícia (baseada numa comunicação do hospital) que todos os fetos tinham chegado sem vida ao hospital sem ter acontecido nenhum ocorrência intra-hospitalar, pois no meu caso fui lá duas vezes e se tivesse sido bem examinada podiam ter evitado a situação", disse hoje à Lusa.

A mesma fonte explicou que devido a uma perda de líquidos deslocou-se ao hospital no dia 01 de Outubro, onde lhe foram feitos vários exames.

"Estive no hospital a fazer o teste para saber se o líquido que perdia era líquido amniótico e depois de uma ecografia, que também foi feita, foi-me dito que estava tudo dentro dos parâmetros", afirmou.

Quatro dias depois, no dia 5 de Outubro, Maria João deslocou-se de novo ao Hospital do Barreiro pois na sua opinião estava a deixar de sentir o bebé.

"Sentia pouco o bebé e desloquei-me de novo ao hospital, onde apenas me fizeram um CTG (exame ao coração do bebé) e mais nada, dizendo-me que estava tudo normal", salientou.

No dia 11 de Outubro deu de novo entrada no hospital, sendo informada que o feto estava morto e que no dia seguinte lhe fariam uma cesariana para retirar o bebé morto.

A mãe diz que tinha uma ecografia marcada para o dia 10 de Outubro mas que acabou por não fazer por ter sido alterada para o dia 19.

Maria João disse estar certa que poderia ter sido feito mais alguma coisa no seu caso.

"No dia 10 o meu bebé estava vivo e se tivesse sido feita a ecografia esta situação poderia ter sido evitada", afirmou.

A mãe esclareceu ainda que quando o hospital refere que uma das mães tinha uma patologia cardíaca está a referir-se a ela, mas afasta qualquer relação entre o seu problema e a morte do feto.

"Eu tenho uma patologia cardíaca, mas a única ocorrência desta situação era a possibilidade de ter que fazer uma cesariana em vez de parto natural, não tinha nenhuma influência no bebé", considerou.

Maria João, que afirmou que o funeral apenas se realizou no dia 18 de Outubro, estava à espera do resultado da autópsia para decidir o que fazer no futuro.

No entanto, perante as notícias de quinta-feira pondera avançar de imediato com uma acção judicial contra o hospital.

"Estava à espera do resultado da autópsia, mas agora não sei se espero mais. Estou a ponderar avançar já com uma acção contra o Hospital do Barreiro", anunciou.

A Lusa contactou o Hospital do Barreiro para obter esclarecimentos sobre o caso, mas até ao momento tal não foi possível.

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