Mais de 1.700 pessoas ligadas à prostituição acompanhadas nos últimos 10 anos em Coimbra

Mais de 1.700 pessoas que vivem em "contexto de prostituição" no distrito de Coimbra foram acompanhadas, nos últimos dez anos, pela Equipa de Intervenção Social Ergue-te, criada pela congregação religiosa Irmãs Adoradoras, foi hoje anunciado.

Lusa /

"São pessoas, na sua maioria mulheres, que vivem em situação de vulnerabilidade. A nossa equipa multidisciplinar fornece acompanhamento e orientação nas áreas social, psicológica, jurídica, saúde e profissional e realiza ações de sensibilização na comunidade", disse à agência Lusa a diretora da Ergue-te, Marta Neves.

A Instituição Privada de Solidariedade Social (IPSS), que celebra na sexta-feira dez anos de atividade, tem por missão assumida "promover a dignificação, o `empowerment` e a cidadania, pela inserção social e laboral da pessoa em contexto de prostituição - especialmente a mulher - promovendo um novo projeto de vida, no distrito de Coimbra".

Segundo dados recolhidos ao longo da sua atividade, mais de 75% das pessoas acompanhadas são da nacionalidade estrangeira, sobretudo oriundas da América do Sul. Só 15% exercem a prostituição nas ruas, optando por apartamentos e bares. Na sua maioria, são mulheres, mas a Ergue-te tem registos de mais de seis por cento de homens, muitos deles em situações de grande vulnerabilidade devido à sua condição de transgénero.

"A prostituição/exploração sexual são um problema social por diminuírem a qualidade de vida/aumentarem o risco de inibição do desenvolvimento de um grupo social. São consequência de percursos de vulnerabilidade e exclusão, são violação da dignidade e Direitos Humanos, violência de género e contra a integridade, que leva a efeitos negativos para a pessoa/comunidade", refere a Ergue-te.

A IPSS faz uma aproximação ao meio de prostituição com uma unidade móvel e equipas de rua abordam pessoas e encaminham para gabinete. Contactam ainda pessoas em contexto de prostituição através dos classificados publicados nos jornais.

Todos os serviços prestados pela equipa são gratuitos. A Ergue-te iniciou a atividade em 2009 com a constituição de uma equipa técnica multidisciplinar especializada (assistente social, psicóloga, educador social, advogado e supervisor clínico) e o arrendamento de uma sede com gabinetes de atendimento social, psicológico e jurídico.

O projeto é financiado parcialmente pelo Instituto de Segurança Social - Coimbra (70%), pelo mecenato (20%) e pela venda de produtos criados num projeto-piloto designado Estrutura de Emprego Protegido - EEP (10%).

"Todos os anos a Ergue-te desenvolve atividades de divulgação com o duplo objetivo de sensibilizar a comunidade e também de angariar fundos para a manutenção dos serviços que disponibiliza. Neste âmbito, procura estabelecer parcerias com diferentes entidades, para, através da solidariedade e sentido de responsabilidade social, se criarem sinergias criativas e rentáveis", explica a diretora.

Para assinalar o décimo aniversário de atividade, a Ergue-te realiza na sexta-feira uma Mesa Redonda, seguida de um jantar, no Centro Cultural D. Dinis, Coimbra.

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