As queixas contra a atuação das forças de autoridade quase duplicaram em seis anos. A conclusão é de um relatório da Inspeção-Geral da Administração Interna, que indica que em 2022 foram registadas 1.436 queixas e que a PSP é a força de segurança alvo do maior número de casos. O ministro da Administração Interna considera que este aumento se pode explicar com "uma diminuição muito significativa da exposição ao risco e das participações", durante os anos de pandemia, além de uma maior exigência dos cidadãos. Em entrevista à RTP, José Luís Carneiro sublinhou ainda a necessidade de rejuvenescer "as forças de segurança", tornar a profissão mais atrativa e de reforçar a cooperação entre PSP e GNR para ter meios "mais eficientes" contra a criminalidade.
"Contudo, há também uma grande exigência da parte dos cidadãos (...). É por isso que também apostámos cada vez mais na própria formação que é dada na Escola de Polícia, assim como no Instituto de Ciências Policiais. Apostámos em duas dimensões: por um lado, a dimensão da preparação da exigência para os direitos cívicos (...), capacitando as nossas forças (...) para o exercício da autoridade proporcional e adequada às necessidades do uso da força e da autoridade; por outro lado, temos em curso a proteção dos próprios polícias em relação às agressões de que são vítimas", afirmou José Luís Carneiro.
Mais de 550 novos agentes da PSP concluem, esta terça-feira, a formação na Escola da Polícia, assim como 220 novos chefes da polícia também finalizam o curso.
"Há sobretudo necessidade de continuarmos um processo de rejuvenescimento das Forças de Segurança", admitiu José Luís Carneiro, quando questionado sobre a falta de profissionais efetivos.
"No ano que passou entraram mais de 920 polícias para a Polícia de Segurança Pública, entraram cerca de 1.500 militares para a Guarda Nacional Republicana", enumerou, acrescentando que com o juramento dos novos agentes, que decorre esta tarde em Torres Novas, cerca de 580 jovens que se vão comprometer a dar "a sua própria vida para a salvaguarda das nossas liberdades, direitos e garantias".Ainda com a entrada, na quarta-feira, de 220 militares para a GNR completam-se as "mil entradas" nesta força de segurança.
"Este esforço de rejuvenescimento é essencial não apenas para reforçar o efetivo, mas também para permitir que aqueles que alcançam a idade para passar à disponibilidade o possam fazer", explicou o ministro da Administração Interna.
Admitindo que "há questões que prejudicam" a atratividade da profissão, o governante garantiu que está a ser trabalhado um "conjunto de medidas para tornar mais atrativa a missão das forças de segurança, nomeadamente o reforço das remunerações". Uma das medidas já alteradas foi o aumento do subsídio de risco e da base variável deste subsídio que, segundo o ministro, pode chegar a 2026 perto dos 330 euros.
Além disso, já este ano, o Ministério das Finanças "autorizou o maior número, dos últimos anos, de progressões e que tem grande incidência na base da estrutura humana". Foram cerca de 2.000 progressões, o que "significa um investimento de dez milhões de euros por ano".
"Há um dado muito relevante que é o investimento na habitação, que é um ganho indireto mas muito significativo", adiantou, explicando que, por exemplo, para "estes jovens que hoje terminam a sua formação" foram adquiridos edifícios "com capacidade para 300 alojamentos nas Grande Lisboa, que vão servir já todos estes polícias", com uma comparticipação até aos 150 euros.
Sobre a conjugação de esforços e cooperação entre PSP e GNR, José Luís Carneiro afirma ser "essencial". Considerando o "sistema plural e dual", é necessário "reforçar a cooperação entre as forças para que os meios que temos possam ser mais eficientes".