Manifestação silenciosa exige mais meios para hospital de Torres Vedras

Uma centena de pessoas concentrou-se hoje em frente ao hospital de Torres Vedras para exigir mais meios de diagnóstico e recursos humanos para esta unidade hospitalar, numa manifestação realizada após a morte de uma jovem de 18 anos.

Agência LUSA /

"Nós entendemos que o hospital não tem os meios de diagnóstico como TAC (tamografia axial computorizada) e ressonância magnética nem os recursos humanos necessários, faltando anestesistas, neurocirurgiões e cardiologistas necessários para servir a população", afirmou Maria João, uma das organizadoras do protesto e colega de escola da jovem que faleceu, Rita Resende.

"Viemos aqui apelar aos governantes e responsáveis pela saúde no nosso país para que invistam mais nestes meios", declarou.

Presente também na manifestação esteve o presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar de Torres Vedras, Campos Pinheiro, que esta semana ordenou a abertura de um inquérito interno para apurar se terá havido negligência no caso da morte de duas pessoas (entre elas a jovem de 18 anos) ocorrida no espaço de uma semana (fim de Outubro e início de Novembro) naquele unidade hospitalar.

"Entendo a vigília como um movimento de solidariedade das colegas da Rita e até de desagrado e de revolta para com o destino impiedoso que fez perderem uma pessoa com uma doença muito grave", afirmou Campos Pinheiro que esteve acompanhado pelo director do serviço de urgência, Carlos Pina.

Os casos mortais envolveram a estudante de 18 anos e uma mulher de 35. A primeira faleceu devido a "patologia vascular cerebral" e a segunda por "patologia vascular do aparelho digestivo", disse à Agência Lusa o presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar de Torres Vedras.

No caso da jovem, chegou a ser transferida para o hospital de S. José onde, após ter feito uma TAC, teve alta.

Depois de regressar a casa, e como as dores de cabeça permaneciam, voltou à urgência de Torres Vedras, tendo-lhe sido medicados analgésicos.

A jovem acabou por voltar a S. José, onde morreu.

Quanto à mulher de 35 anos, faleceu no período pós- operatório.

A paciente tinha sido sujeita a um exame que obrigava a uma intervenção cirúrgica e que detectou que tinha sangue no estômago.

"Estes dois casos têm a particularidade de serem inesperados e é por isso que entendi avançar com o processo de averiguações", frisou hoje Campos Pinheiro.

Além destes dois casos, faleceu ainda na mesma semana um homem de 64 anos que, após ter sido assistido na urgência, foi mandado para casa, tendo regressado poucas horas depois ao hospital, onde acabou por falecer vítima de aneurisma.

Sobre este caso, Campos Pinheiro disse que não teve conhecimento da existência de qualquer problema, pelo que não foi ordenado inquérito.

A partir das 19:30 os manifestantes, na sua maioria estudantes do Externato de Penafirme, onde estudava Rita Resende, e familiares da jovem começaram a concentrar-se silenciosamente em forma de cordão humano e com uma faixa que onde se lia "Que o nosso silêncio fale mais alto".

Alguns manifestantes vestiram-se de preto e branco com "t- shirts" que tinham inscrita a mesma frase.

Fernando Resende, pai da jovem, que também se associou à manifestação silenciosa, disse à Agência Lusa que a sua presença no protesto se devia a Rita, "uma criança que vibrava contra as injustiças", pois "o que aconteceu com ela foi uma injustiça".

"Pela Rita já ninguém pode fazer nada, mas estou aqui por todas as Ritas que tenham que ser assistidas neste hospital", declarou.

"Como leigo que acompanhou o processo de perto, pareceu-me que muita coisa correu mal mas não posso interpretar e analisar se foram disponibilizados todos os meios. Os nossos advogados estão a recolher elementos do processo para depois se decidir se avançaremos com qualquer tipo de acção nos tribunais", adiantou Fernando Resende.

Quanto à decisão da administração do hospital de Torres Vedras de avançar com um inquérito interno a este caso, o pai não se quis pronunciar, acrescentando que a família pondera pedir um inquérito independente à Inspecção Geral de Saúde.

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