Manifestação simultânea em Bragança e Guarda contra retirada de utentes convencionados
Bragança, 26 abr (Lusa) -- Os trabalhadores dos laboratórios de análises clínicas vão manifestar-se hoje em simultâneo, em Bragança e na Guarda, contra a decisão das Unidades Locais de Saúde (ULS) de passarem a realizar estes exames nas unidades públicas.
As manifestações estão marcadas para as 14:30 em frente às instalações da antiga sub-região de saúde de Bragança e junto ao parque de Saúde da Guarda.
Os promotores divulgaram em comunicado que esperam também a presença de alguns utentes no protesto "pelo direito de livre escolha do utente", que alegam estar consagrado na lei.
Os contestatários argumentam ainda que a lei "permite aos utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS) a opção pelo local público ou convencionado, onde lhes é mais conveniente realizar as suas análises clínicas".
Em causa está a decisão das administrações das ULS de implementaram um sistema interno em que as credenciais passadas pelos médicos de família ou outros, aos utentes do SNS, só permitem que as análises clínicas sejam realizadas nos hospitais públicas.
Os laboratórios privados queixam-se de que esta medida está a causar "uma situação incomportável para os convencionados que se encontram neste momento num estado de asfixia".
"Estão em causa a degradação nos cuidados de saúde dos utentes e cerca de uma centena de postos de trabalho", referem, acrescentando que está em causa, também, a "redução do acesso a este meio de diagnóstico por parte da população".
Sensibilizar as ULS para esta situação é o propósito das manifestações de hoje que se seguem a outros protestos, concretamente em Bragança, onde os trabalhadores dos laboratórios entregaram um manifesto ao presidente da República, durante uma visita recente de Cavaco Silva à região.
A Associação Nacional de Laboratórios (ANL) anunciou, em abril, que ia processar três ULS que estão a impedir os utentes de realizarem análises clínicas nos privados convencionados, nomeadamente as do Nordeste, Guarda e Portalegre.
O presidente da ULS do Nordeste, António Marçôa, respondeu, em declarações à Lusa, não estar "minimamente preocupado" com a contestação dos laboratórios privados e defendeu que "não tem sequer qualquer lógica" continuar a encaminhar os utentes para os convencionados quando existe capacidade de resposta nas unidades públicas.
O administrador disse ainda que pretende alargar a medida a outros serviços convencionados, concretamente na área da radiologia, passando a ser realizados nos hospitais públicos exames como Raio X ou ecografias.