Mário Soares dedicou manhã a visitar livrarias do Porto

O candidato a Presidente da República Mário Soar es passou a manhã de hoje a conhecer as novidades literárias das suas livrarias preferidas do Porto, tendo aproveitado para comprar obras de autores que admira, como Saramago.

Agência LUSA /

Na Livraria "Leitura", onde iniciou o percurso, o candidato adquiriu li vros e aconselhou outros, entre os quais uma antologia de António Machado (1875- 1939).

Citando este poeta espanhol, Soares aproveitou para lembrar a frase que ficou célebre e que utiliza como lema: "O caminho faz-se caminhando".

Sem pressas, o candidato a Belém percorreu todas as bancas da "Leitura" e deparou-se com vários livros da sua autoria, incluindo um escrito a dois, com Sérgio Sousa Pinto.

Este livro, intitulado "Diálogo de gerações", foi aliás motivo para Soa res falar de renovação de gerações sem, contudo, aceitar comentar declarações do candidato Manuel Alegre, que em entrevista a uma televisão o criticou por não p romover a renovação e querer estar sempre presente.

"Conheci pessoas ilustres de todas as escolas literárias do século XX. Fiz muitos amigos, mas as pessoas à medida que avançam na idade vão perdendo os amigos e é preciso renovar e fazer novas amizades", disse Soares.

Referindo-se à relação de amizade que mantém com Sérgio Sousa Pinto, de sde que foram deputados ao Parlamento Europeu, o candidato disse sentir-se honra do por ter amigos de outras gerações.

"Honro-me de ter amigos como o Sérgio Sousa Pinto e muitos outros, que são pessoas de outras gerações mas que falam comigo de igual para igual e portan to discutimos e debatemos as coisas", frisou, considerando que, em matéria de re novação, "ninguém tira o lugar a ninguém".

Segundo Mário Soares, "não há lugares pré-determinados e quem escolhe é o povo".

Nesta sua passagem pelo Porto e cumprindo "um habito de há muitos anos" , visitou também a Livraria Académica, de Nuno Canavez, que Soares considerou "u m dos grandes antiquários e livreiros alfarrabistas do país que vale a pena visi tar porque tem exemplares únicos".

"Eu tenho da obra do Camilo, um dos escritores portugueses que mais pro duziu, cerca de 80 primeiras edições de títulos diferentes. A maior parte deles foi ele que mas vendeu", disse.

Questionado sobre se um Presidente da República necessita de ter uma bi blioteca que abranja todas as áreas, o candidato considerou que depende dos "int eresses", admitindo que os dossiers sobre economia não fazem parte das suas pref erências.

"Há o gosto de dizer que não gosto de dossiers, claro que gosto mais de livros do que de dossiers", admitiu, garantindo, contudo que "passa os olhos" p elos livros dos grandes economistas.

E acrescentou: "Não julgue que sou completamente analfabeto nem podia s er, honro-me de ter presidido a dois governos que fizeram acordos com o Fundo Mo netário Internacional e salvaram o país da banca rota. Para isso é preciso ter a lgum conhecimento".

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