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Marta Temido. Portugal deve ultrapassar os recordes verificados até agora de infeções Covid

por RTP

Foto: António Pedro Santos - Lusa

A elevada transmissibilidade da variante Ómicron vai levar a que Portugal "ultrapasse o seu recorde de infeções", à semelhança do Reino Unido e da Espanha. Em entrevista ao Telejornal, a ministra da Saúde admite que "não se sabe a consequência da transmissão na severidade da doença", por isso foi necessário adotar medidas. Marta Temido concedeu que algumas medidas do Governo podem soar "contraditórias" e anunciou a contratação de 400 camas a privados para fazer face a um possível aumento do números de hospitalizações.

Estamos a caminho de uma situação complexa e sobretudo com muita incerteza e desconhecimento associados”, alertou a ministra, referindo a “possibilidade de duplicação (do vírus) a cada dois ou três dias, segundo cenários diferentes”.
“O que mais todos queríamos perceber é qual é a consequência da transmissão em termos da severidade da doença. Como não sabemos isso, tivemos de adotar medidas”
Marta Temido admite que a barreira dos 16.432 casos, atingida a 28 de janeiro deste ano, pode ser superada.

Podemos ultrapassar os recordes que já tivemos até agora porque (a elevada transmissibilidade) é uma característica desta variante”, afirmou Marta Temido, apelando à prevenção.

Referindo que “não há números sobre os internamentos causados por esta variante”, Marta Temido sublinha que, com a Ómicron, mesmo fazer estimativas dos números de casos de infeção “pode ser artificial”.

No caso desta variante tudo acontece depressa”, sublinhou a ministra, uma vez que um caso em final de Novembro, rapidamente se transformou em 2 por cento. “Ontem eram 46 por cento e deve chegar aos 50 por cento até ao Natal”.
Medidas “contraditórias”
Instada a comentar o fecho das discotecas, mas a autorização de uma festa privada com três mil pessoas, a ministra concedeu que, ao longo da pandemia, o Governo teve de tomar decisões que “podem soar contraditórias”. Contudo, nota que as concentrações permitidas neste momento estão sujeitas a um contexto muito específico, como o reforço de testes.
"Não podemos pedir tudo às pessoas porque elas provavelmente desistem (…) Há um vírus mais perigoso do que o Covid, que é o da falta de adesão”, observou Marta Temido.
Relativamente à possibilidade de o Governo voltar a determinar o uso de máscara em espaços públicos, Marta Temido adiantou que o executivo tem quadro legal para tomar essa medida, mas é necessário "equilibrar o esforço individual". A dificuldade reside em encontrar o equilíbrio entre medidas que controlem a transmissão e garantam a adesão da população, notou a ministra.

Admitindo que gostaria de ter tido mais crianças no primeiro fim de semana exclusivo para os mais novos, “para preservar um ambiente pediátrico”, Marta Temido anunciou que esta quinta-feira há Casa Aberta para os que têm mais de 63 anos.
Contratadas 400 camas ao setor privado
O aumento de casos vai implicar maior pressão sobre a Linha Saúde 24, o aumento de testes e os inquéritos epidemiológicos, notou a ministra, para garantir que o Governo “está a reforçar estas vertentes”.

"Ainda ontem foi promulgada pelo Presidente da República uma medida legislativa, aprovada pelo Conselho de Ministros na semana passada, que permite a contratação de rastreadores adicionais", anunciou.

Outra das medidas para combater a exaustão dos profissionais de saúde foi a atribuição de folgas e férias no período de Natal, dias em que se espera menor afluência aos centros de vacinação.

A ministra da Saúde anunciou que foram contratadas 400 camas com o setor privado para um eventual aumento do número de internamentos.
Reforço da vacina por auto-agendamento para faixa dos 50-59 anos em janeiro
Na entrevista ao Telejornal, Marta Temido estimou que o reforço da vacina, por auto-agendamento, para a população dos 59 aos 50 anos deverá começar “nos primeiros dias de janeiro”.

Para quem tomou a vacina Janssen, os que têm com mais de 50 anos podem procurar o reforço na Casa Aberta esta quinta-feira.

A Covid-19 provocou mais de 5,36 milhões de mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da Agência France-Presse.

Em Portugal, desde março de 2020, morreram 18.823 pessoas e foram contabilizados 1.242.545 casos de infeção, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.

Uma nova variante, a Ómicron, classificada como preocupante pela Organização Mundial da Saúde, foi detetada na África Austral, mas desde que as autoridades sanitárias sul-africanas deram o alerta, a 24 de novembro, foram notificadas infeções em pelo menos 89 países de todos os continentes, incluindo Portugal.
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