"Matador das aldeias" conhece hoje sentença

Porto, 06 Mai (Lusa) - O Tribunal de Vila do Conde decide hoje o caso do "matador das aldeias", um homem com antecedentes criminais que está acusado pelo alegado homicídio de quatro idosos e tentativa de assassinato de um quinto.

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Nas alegações finais, em 15 de Abril, o Ministério Público (MP) pediu pena máxima (25 anos de cadeia) para o arguido, que é também acusado por nove crimes de coação sexual, uma na forma tentada, e a prática de 12 roubos, um dos quais tentado.

A procuradora Carla Pimenta considerou provados 25 dos 27 "hediondos e perversos" crimes imputados a Camilo M., 45 anos, um homem com antecedentes criminais desde os 16 anos.

O MP admitiu apenas que ficaram por provar o roubo e a coacção sexual sobre um dos idosos, uma vez que este não reconheceu Camilo M. como autor dos alegados crimes.

Considerou o arguido imputável, apesar de técnicos lhes atribuírem uma psicopatia moderada, sustentando que tem consciência dos crimes praticados num período em que se encontrava em liberdade condicional.

Guerra da Mota, advogado de uma das vítimas, pediu igualmente a pena máxima para o arguido que rotulou de "besta humana".

"Se o nosso sistema judiciário reconhecesse a pena de morte, seria esta a ser aplicada", acrescentou o causidico, admitindo ainda o cenário da prisão perpétua, se esta também existisse em Portugal.

A defensora oficiosa do arguido, Teresa Ramos, admitiu a condenação por dois homicídios (duplo homicídio de um casal ancião), mas sublinhou que a prova produzida quanto aos restantes "não é suficiente" para a condenação.

Considerou como circunstância atenuante dos crimes o facto de Camilo M. ter crescido "num meio hostil, numa família com 13 filhos, sem regras sociais".

Os factos da acusação remontam ao período entre Maio de 2004 e Janeiro de 2005, altura em que Camilo M., 45 anos, natural de Santa Maria da Feira, terá cometido um total de 27 crimes contra 14 anciãos, todos residentes na zona de Vila do Conde.

Em 14 momentos distintos, o arguido abordou idosos, um casal e outros do sexo masculino, para os agredir e roubar.

A alguns homens que abordou, o arguido - que admitiu a sua homossexualidade - baixava-lhe as calças e fazia-lhes sexo oral, já depois de se encontrarem inconscientes, em resultado das agressões.

Em fase de inquérito, o arguido confessou os 27 ilícitos e participou em reconstituições nos 14 cenários.

Já em julgamento, perante um colectivo presidido pela juíza Elsa Paixão, Camilo M. admitiu apenas ter concretizado dois dos crimes de que foi acusado, o assassinato à machadada de um casal de idosos em Canidelo, Vila do Conde, a 23 de Janeiro de 2005.

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