Matos Chaves só desiste de candidatura à liderança do CDS-PP se Portas avançar
Miguel Matos Chaves, por enquanto o único candidato à liderança do CDS-PP, garantiu hoje que só desistirá de ir a votos se Paulo Portas se recandidatar à presidência do partido.
"Não desistirei desta candidatura a menos que o dr. Paulo Portas queira ele próprio - e só ele - continuar à frente dos destinos do partido", assegurou Matos Chaves, militante de base do partido, na apresentação da moção de estratégia que levará ao congresso do CDS-PP, a 23 e 24 de Abril.
"Quero ser eleito, sei que sou capaz de ser eleito", acrescentou Matos Chaves, garantindo que conta com o apoio "de parte significativa de militantes de base" do CDS, de quadros regionais e, até, de alguns notáveis.
No entanto, questionado sobre a identidade desses apoiantes, Matos Chaves escudou-se num acordo de confidencialidade, pedido pelos próprios.
"Não vou divulgar nomes (Ó). Garanti a confidencialidade a esses apoiantes até à votação em Congresso", justificou.
Matos Chaves garantiu ainda que foi eleito delegado ao congresso "por três estruturas diferentes" - ao contrário do que tinha sido noticiado na comunicação social - mas recusou também dizer quais.
Na sua moção de estratégia, Matos Chaves defende um corte com aquela que tem sido a estratégia do CDS-PP nas mais recentes eleições presidenciais, a apresentação de um candidato próprio.
"Sob a minha presidência, iremos apoiar a personalidade mais próxima de nós que tenha a possibilidade de ser eleito Presidente da República, de direita ou centro-esquerda", afirmou.
Questionado sobre quem seria o candidato de centro-esquerda a apoiar pelo CDS na corrida a Belém, Matos Chaves apontou o nome de Cavaco Silva, considerando que "só em Portugal um partido social- democrata se intitula de centro-direita".
Para as autárquicas, a realizar no Outono, o candidato à presidência do CDS define que a regra deve ser a não coligação com outras forças políticas, embora admita analisar "caso a caso" situações em que as concelhias proponham alianças.
"As autárquicas estão para o CDS como os sindicatos estão para a esquerda", sublinhou Matos Chaves, defendendo uma maior prioridade a este acto eleitoral (realizando uma convenção autárquica em Maio) e a sua não coincidência com o referendo europeu, como pretende o PS.
"Misturar rotundas, fontanários ou estradas com o modelo de organização da Europa é desvalorizar o que está em causa", considerou.
Assim, o candidato exigiu ao Governo uma data não coincidente com qualquer eleição para a consulta popular sobre o Tratado Constitucional europeu, em que promete lutar pelo +não+.
"Sou um europeísta convicto, mas não quero o modelo federal", explicou.
A nível partidário, o militante de base do CDS-PP defende uma maior disponibilidade dos deputados para visitarem e defenderem os vários distritos do país e um mandato do líder "a tempo inteiro".
"O presidente do CDS-PP tem de exercer esta função a tempo inteiro: não pode ser deputado, nem ministro, nem primeiro-ministro ou exercer qualquer outra função", defendeu o candidato, que revelou já ter percorrido nas últimas duas semanas "mais de três mil quilómetros" e dormido "uma média de quatro horas por noite".
Matos Chaves anunciou também que será recebido pelo presidente demissionário do CDS-PP, Paulo Portas, a 5 de Abril, aguardando ainda a marcação de uma audiência com o grupo parlamentar.
Se for eleito presidente, Matos Chaves promete criar na sede nacional do CDS-PP, no Largo do Caldas, uma sala para colocar os retratos de todos os antigos presidentes do partido, incluindo Freitas do Amaral, cuja fotografia foi recentemente enviada para o Largo do Rato pela actual direcção democrata-cristã.
"Apagar a história do partido é uma impossibilidade", disse.