Médico recusa atribuição da morte ao fórceps e esmagamento crânio

Um dos médicos acusados da morte de um bebé durante o parto garantiu que a utilização do fórceps não foi responsável pelo desfecho fatal da intervenção e referiu que não existiu qualquer esmagamento do crânio.

Agência LUSA /

Francisco Madeira continuou hoje a ser ouvido nos Juízos Criminais de Lisboa, durante a quarta sessão de um julgamento em que são arguidos dois médicos pela sua actuação durante um parto ocorrido em Março de 2002 no Hospital Dr. Fernando da Fonseca (Amadora-Sintra).

O clínico esclareceu que, apesar da referência a um crânio esmagado, devido à má utilização do fórceps, a criança não apresentava o crânio esmagado.

Perante a juíza Conceição Oliveira, o clínico tentou demonstrar, com a ajuda de um instrumento semelhante ao utilizado em 2002, que o osso occipital onde foi registada uma lesão (e não um esmagamento, segundo afirmou) não poderia ter sido atingido pelo instrumento.

De acordo com Francisco Madeira, a decisão de avançar para um parto instrumental (com ventosas e fórceps) deveu-se à situação com que se confrontou às 14:35, ou seja, quando a parturiente já se encontrava em período de expulsão há três horas.

A existência de padrões de CTG anormais, com indicações de que o feto estava em sofrimento, e a posição baixa do mesmo (terceira, de uma escala crescente de um a quatro) contaram para esta decisão.

O médico garantiu que o fórceps foi devidamente utilizado e que não foi o uso deste instrumento que terá conduzido à morte da criança.

"O bebé estava completamente morto e não era daquela altura" (expulsão), afirmou.

O clínico adiantou que, após o parto, o corpo da criança foi observado e não demonstrava qualquer esmagamento, termo que Francisco Madeira recusou, referindo que o que foi identificado foi uma lesão óssea.

O julgamento prossegue terça-feira, estando prevista a audição dos pais da criança.

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