Médicos de familia dos Açores poderão ter até 2.500 doentes, aumentando o salário

Ponta Delgada, 09 mar (Lusa) -- O Governo dos Açores deve assinar em abril um acordo negociado com os médicos, que introduz a possibilidade de os médicos de família alargarem as suas listas de utentes, em troca de um acréscimo salarial.

Lusa /

"Já chegamos a uma redação final deste acordo, mas ainda não está assinado. Estará em breve", afirmou Miguel Correia, secretário regional da Saúde, em declarações aos jornalistas no final da inauguração do Gabinete de Saúde Oral da Unidade de Saúde da Lagoa, em S. Miguel.

Miguel Correia destacou "a possibilidade de os médicos de família alargarem as suas listas até 2.500 utentes e receberem uma remuneração adicional", que "no máximo, corresponderá a um acréscimo de 2.600 euros".

"O que é tradicional na região e no continente é um médico ser responsável por uma lista de cerca de 1.500 utentes, mas o objetivo é criar um incentivo financeiro para que ele possa alargar até aos 2.500, no máximo", frisou.

Miguel Correia salientou, no entanto, que "nem todos os médicos poderão aceder a este apoio", exemplificando que os que estão em horários de 42 horas com exclusividade "já ganham muito mais do que os médicos que estão em 35 horas".

O secretário regional referiu ainda que existe um "conjunto de requisitos" para os médicos poderem beneficiar deste apoio, frisando que "uma consulta não urgente terá que ser programada no espaço de 15 dias, uma situação urgente tem que ser atendida no próprio dia e a renovação de uma receita correspondente a doenças crónicas tem que ser feita no máximo de 72 horas".

Miguel Correia afirmou que o alargamento das listas é um incentivo para alargar a cobertura de médicos junto dos utentes, alegando que, devido à recessão, "as famílias cada vez menos têm dinheiro para ir a um médico privado".

Por outro lado, reafirmou a intenção de contratar mais médicos, "uma vez que os incentivos criados para a fixação de médicos nos Açores não têm tido os resultados que se esperavam".

Relativamente às listas de espera, o secretário regional da Saúde admitiu que existem "mais de 1.000 utentes em lista de espera" para cirurgia, atribuindo a situação "ao aumento das consultas de especialidade cirúrgica nos hospitais e a um maior número de inscritos para cirurgia".

Miguel Correia disse que o Governo "quer reduzir ao máximo esta lista", pelo que "vai avançar com obras no bloco operatório do Hospital de Ponta Delgada para disponibilizar mais salas de cirurgia", acrescentando que a entrada em funcionamento do novo Hospital da Terceira também permitirá "duplicar o número de salas de cirurgia".

 

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