Médicos de Lisboa e Vale do Tejo cumprem nova greve de dois dias

por RTP
Foto: Benoit Tessier - Reuters (arquivo)

Os médicos da região de Lisboa e Vale do Tejo voltam a cumprir, a partir desta quarta-feira, uma greve de dois dias, que inclui hospitais e centros de saúde que não foram abrangidos na paralisação de 13 e 14 de setembro. Convocada pelo Sindicato Independente dos Médicos, tem como principal reivindicação um aumento salarial dos profissionais de saúde que compense a perda de poder de compra na última década.

Esta greve regional decorre até às 24h00 de quinta-feira e abrange os centros hospitalares Lisboa Norte, Lisboa Central, Lisboa Ocidental, do Oeste, Médio Tejo e os hospitais Doutor Fernando Fonseca (Amadora-Sintra), de Santarém, o Hospital Forças Armadas e o Hospital Prisional de Caxias.

Segundo o SIM, são também abrangidos pela paralisação o Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses Sul, o Instituto Português do Sangue e Transplantação e a Divisão de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (DICAD) da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo. Os médicos dos Agrupamentos de Centro de Saúde (ACES) de Lisboa Norte, Lisboa Central, Ocidental e Oeiras, Amadora, Sintra, Oeste Norte, Oeste Sul, Médio Tejo e Lezíria também são abrangidos pela paralisação de dois dias.

A entidade sindical explica que um dos pontos pricipais desta reivindicação é um aumento salarial compense a perda do poder de compra na última década. Os médicos querem que essa medida abranja todos os profissionais da classe, incluindo os que estão a fazer internato.

A greve, frisa o SIM, visa exigir do Governo “uma resposta efetiva” ao caderno reivindicativo sindical e que seja apresentada pelos ministros das Finanças e da Saúde “uma proposta de grelha salarial que reponha a carreira das perdas acumuladas por força da erosão inflacionista da última década e que posicione com honra e justiça toda a classe médica, incluindo os médicos internos, na Tabela Remuneratória Única da função pública”.

Jorge Roque da Cunha explicou, em entrevista à RTP, que considerando que os profissionais perderam cerca de 22 por cento de poder de compra, "uma proposta de 3,1 por cento não é aceitável".

Com estas propostas, adiantou, o "Governo está a fazer com que os médicos não fiquem no Serviço Nacional de Saúde e com que as listas de espera aumentem, nomeadamente as cirurgias e as consultas".

Roque da Cunha admite que o SIM espera "um grande impacto em relação a esta greve", devido ao facto de o Governo "não investir no Serviço Nacional de Saúde, não ouvir aquilo que tem sido o grito de alerta das nossas greves que tentamos evitar (...), esperamos uma grande adesão".

"A grande adesão que houve nas greves anteriores foi, de facto, o sinal que tudo aquilo que é proclamado pelo ministro das Finanças e pelo ministro da Saúde (...) não tem qualquer cabimento", continuou.

Com esta greve regional, o SIM espera que o Governo faça "aquilo que proclama que é investir no Serviço Nacional de Saúde".


Pelas 9h30, o sindicato afirmou que a greve estava a ter uma "adesão forte". Num primeiro balanço, Roque da Cunha afirmou que nos hospitais centrais de Lisboa estão encerrados cerca de 85 por cento dos blocos operatórios.

"Temos informação que cerca de 80 por cento das consultas estão por efetivar", acrescentou.

Já nos centros de saúde, os dados indicam que a adesão à greve é superior a 90 por cento.

"É uma fortissíma adesão", concluiu.

Os serviços mínimos devidos durante a greve médica regional são os estabelecidos na regulamentação coletiva do trabalho em vigor no SNS, refere ainda o SIM. As negociações entre sindicatos dos médicos e o Ministério da Saúde iniciaram-se em 2022, mas até ao momento não houve acordo.

c/ Lusa
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