Médicos em protesto fazem "luto" à sexta-feira

por RTP
O movimento informal de “luto” conta com a adesão de centenas de médicos e de vários profissionais de saúde, tendo já sido feitos mais de mil crachás com o símbolo do protesto Regis Duvignau - Reuters

Os médicos dos hospitais e centros de saúde vão estar de luto às sextas-feiras. Com peças de vestuário negras, o movimento informal “SNS in Black”, que pretende alertar para os problemas existentes no Serviço Nacional de Saúde, conta com o apoio do bastonário da Ordem dos Médicos. Em entrevista à RTP, Miguel Guimarães volta a deixar várias críticas ao ministro Adalberto Campos Fernandes, que acusa de “não defender a Saúde como é da sua obrigação”.

A iniciativa “SNS in Black” pretende mostrar aos doentes que os profissionais de saúde não têm os meios suficientes para prestar um melhor serviço. Às sextas-feiras, médicos e enfermeiros vão apresentar-se ao serviço com uma peça de vestuário preta, em protesto contra a falta de meios no Serviço Nacional de Saúde.  
O movimento informal de “luto” conta com a adesão de centenas de médicos e de vários profissionais de saúde, tendo já sido feitos mais de mil crachás com o símbolo do protesto.
 
Em entrevista à RTP, Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, revela que aderiu à iniciativa deste o início, considerando que se trata de uma ideia “brilhante” para mostrar o descontentamento destes profissionais. 
 
“É uma forma de mostrar a indignação, nomeadamente dos médicos, relativamente ao estado do Serviço Nacional de Saúde, que está em queda e temos todos que o recuperar. É uma forma de mostrarmos a nossa insatisfação na defesa dos direitos dos doentes”, refere o bastonário, entrevistado pela jornalista Paula Rebelo.

Paula Rebelo, Ana Raquel Leitão, Pedro Miguel Gomes, Rui Cardoso, Rui Rufino - RTP

Miguel Guimarães destaca que esta é uma medida que “não afeta diretamente os doentes”, ao não colocar em causa o seu atendimento, ao contrário do que acontece noutras formas de protesto, nomeadamente as greves, que podem resultar em algum prejuízo para os utentes.  

O bastonário destaca que a medida é do próprio interesse dos doentes, de tal forma que também eles estão a acolher com agrado esta iniciativa do “luto”.

“A maioria da população nota que o Serviço Nacional de Saúde não está na mesma, existem tempos de espera que não são propriamente aceitáveis, clinicamente aceitáveis, seja para primeiras consultas hospitalares na especialidade, seja para cirurgias, mesmo prioritárias. Temos de dar uma volta a isto”, refere o responsável. 
Críticas às Finanças e Saúde
Nesta entrevista à RTP, Miguel Guimarães deixou também duras críticas ao Governo, assinalando que a “questão das Finanças” tem sido predominante. O ministro com esta pasta “está a cumprir os seus objetivos à custa de outras áreas”, argumenta, sendo que a saúde terá sido o setor “mais afetado de todos”.  

“O subfinanciamento da saúde está a começar a ter resultados negativos em todo o país. A maioria dos hospitais e muitos centros de saúde têm neste momento condições de trabalho que não são as ideais para doentes e profissionais de saúde e podem resultar na diminuição da segurança clínica”, alerta.

O bastonário da Ordem dos Médicos critica ainda a atuação do ministro Adalberto Campos Fernandes, um governante que “tem estado demasiado capturado pelas Finanças”.

“O nosso ministro da Saúde não tem defendido a saúde como é a sua obrigação, esta é a minha opinião, quando tem de ser o primeiro defensor do acesso aos cuidados de saúde”, conclui o responsável. 
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