Menezes desvaloriza alegado "dumping laboral" dos portugueses
Vigo, 07 Abr (Lusa) - O presidente do Eixo Atlântico, Luís Filipe Menezes, desvalorizou hoje a polémica relacionada com o alegado "dumping laboral" dos portugueses que trabalham na Galiza, manifestando-se convicto de que serão apenas casos pontuais.
"Estimo que as autoridades espanholas são bastante criteriosas naquilo que é a fiscalização das condições de trabalho de todos os que estão a trabalhar no seu país", afirmou Luís Filipe Menezes em declarações à agência Lusa.
Os sindicatos da Galiza acusam os portugueses que ali trabalham na construção de civil de fazerem "dumping laboral", recebendo à hora valores inferiores aos que auferem os galegos.
"Isso traduz-se numa concorrência desleal", afirmam os sindicatos, alertados por uma situação particularmente complicada face ao abrandamento do mercado da construção em toda a Espanha.
Acusam ainda os portugueses de aceitarem condições de trabalho precárias, sem direito a subsídios de férias ou de Natal e com horários que chegam às 12 horas diárias, e avisam que "só esperam dois meses para esta situação se alterar, caso contrário avançam para greves e manifestações de ruas".
"Admito que possam existir questões, aqui e acolá, menos ortodoxas mas na maior parte dos casos o problema não diz respeito aos portugueses que trabalham na Galiza e em toda a Espanha", reagiu Menezes.
Para o também líder do PSD, os problemas dos portugueses têm essencialmente a ver com o facto de não conseguirem emprego no seu país e terem de trabalhar longe das suas famílias, ainda por cima "numa lógica de vínculo laboral muito sujeito aos ciclos económicos".
"No caso da construção civil, têm ainda o espectro de algum pessimismo pela frente, dado haver manifestamente um abrandamento dessa actividade económica em Espanha", sustentou o líder social-democrata.
Segundo afirmou, cerca de 100 mil portugueses estarão a trabalhar em Espanha na construção civil, a que há a juntar outros tantos distribuídos por diversos sectores de actividade.
Para Luís Filipe Menezes, esta realidade provoca uma "enorme mistificação" sobre o desemprego em Portugal.
"Apesar de elevado - pelo menos 7,5 por cento - o índice de desemprego não é o real", referiu.
Menezes falava em Vigo, onde se deslocou na qualidade de presidente do Eixo Atlântico, para assinar um protocolo pelo qual a Junta da Galiza financia, em 400 mil euros, as obras da nova sede daquela associação de municípios transfronteiriça.