Milhares de professores mostram lenços brancos à ministra
Lisboa, 08 Mar (Lusa) - Lenços brancos, distribuídos aos milhares pela organização da marcha da indignação dos professores no Terreiro do Paço, acompanharam os gritos "rua, rua" e "está na hora, está na hora de a ministra se ir embora".
Já passava das 18:15 quando, do palco da manifestação dos professores, num dos topos da praça, foi anunciado que estavam a partir, do Marquês do Pombal, os últimos grupos de professores que participaram na marcha.
Ao longo das mais de três horas da marcha o protesto era contra a ministra da Educação, mas as palavras de ordem não eram só contra Maria de Lurdes Rodrigues.
Também havia manifestantes que, embalados pela música de Zeca Afonso, gritavam "está na hora, está na hora de o Governo se ir embora".
Havia quem desfilasse com uma "burka" ou quem exibisse um cartaz com as frases "Sócrates ditador, havias de ser professor" ou "Quem avalia a ministra? Hoje somos mais de 50 mil".
Do Marquês, avenida da Liberdade abaixo, do Rossio ao Terreiro do Paço, os professores e educadores desfilaram sem incidentes, a não ser algumas pés torcidos tratados.
A maior vaia do comício - que se prolongou por mais de duas horas e em que foram declamados poemas, um do socialista Manuel Alegre e outro em honra das mulheres - foi para o primeiro-ministro, José Sócrates, e para a Maria de Lurdes Rodrigues.
E quando a animadora do comício anunciou que, pelas contas da organização, eram "mais de 100 mil" os professores a manifestar-se, ouviram-se gritos de "vitória, vitória".
Pelas 19:00, já anoitecia, quando os professores debandaram para os muitos autocarros, estacionados na avenida 24 de Julho.
Cerca de 100 mil professores que, segundo os sindicatos, participaram hoje na "Marcha da Indignação" exigiram a demissão da ministra da Educação, a renegociação do Estatuto da Carreira Docente e a suspensão do processo de avaliação de desempenho.
A agência Lusa não conseguiu confirmar junto da polícia este número avançado pelos sindicatos. O último dado validado pela PSP, pelo superintendente Guedes da Silva, apontava para uma adesão superior a 85 mil pessoas.
A confirmar-se o número da organização, participaram na marcha 70 por cento dos docentes, o que representa mais de dois terços da classe profissional.
Numa resolução aprovada por aclamação e unanimidade no plenário de professores na Praça do Comércio, em Lisboa, os docentes afirmam que "se esgotaram todas as vias do diálogo e negociação possíveis".
"Os professores e educadores portugueses reafirmam a sua profunda indignação face ao desrespeito e desconsideração que têm sido manifestados pelo actual Governo, em especial pelos membros da equipa do Ministério da Educação, equipa que deixou de reunir condições para se manter em funções", refere a resolução.
NS.