Ministra reconhece constrangimentos na Linha SNS 24 e atira culpas para a Altice

Em outubro, em novembro e agora em dezembro. No que se assemelha a uma declaração crónica e periódica, Ana Paula Martins volta a admitir constrangimentos no funcionamento da linha de atendimento telefónico do Serviço Nacional de Saúde, desta vez com responsabilidades atiradas para a Altice, depois de em outubro ter anunciado o pedido de reforço do serviço durante o inverno.

Paulo Alexandre Amaral - RTP /
Foto: Filipe Silva - RTP

A ministra da Saúde admitiu esta tarde que há falhas e demora no atendimento de chamadas na Linha SNS 24. Ana Paula Martins responsabiliza a Altice pela falta de meios humanos e tecnológicos.

“O alargamento do ponto de vista digital e tecnológico e também de recursos humanos, como sabem, não são só escassos nos hospitais. Também são escassos sobretudo nestas alturas do ano. Apesar do esforço que tem sido feito pelo parceiro Altice, não tem sido aquele que nós precisaríamos para ter menos espera”, lamentou a ministra da Saúde.
Sobre o funcionamento do atendimento telefónico do SNS 24, Ana Paula Martins admite ter conhecimento dos "relatos de cerca de uma hora de espera, que é uma coisa intolerável numa linha" e de outras situações "em que as pessoas não conseguem receber uma chamada de retorno".

É um sistema que a responsável máxima pelo setor da Saúde garante querer ver "aperfeiçoado no dia a dia", garantindo "aos portugueses que gostava que a linha estivesse mais reforçada".No mês passado estavam contabilizadas cerca de milhão e meio de chamadas por atender.

A ministra da Saúde sublinha, nesse sentido, que se trata de um serviço essencial: "Esta linha, neste momento, atende (...) neste momento estamos quase nos quatro milhões de chamadas. Sem esta linha, nós hoje estaríamos verdadeiramente numa situação muitíssimo preocupante".

Em outubro, Ana Paula Martins reconhecia a existência de constrangimentos na linha e avançava ter entretanto pedido aos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) e à Altice um reforço do serviço durante o inverno: "Aquilo que pedimos aos SPMS e à Altice, que é a nossa operadora da Linha SNS 24, foi que para o inverno fosse reforçada pelo menos em 27 unidades locais de saúde [ULS], porque temos noção dos constrangimentos".
Venha daí a IA

A necessidade de reforço em pessoal é um apelo que a ministra tem vido a deixar há vários meses, com um acrescento de que o serviço poderá beneficiar muito da utilização de ferramentas tecnológicas como a Inteligência Artificial.

"Uma necessidade de reforços humanos, é verdade, mas também necessidade de colocar Inteligência Artificial no sistema, há necessidade de utilizar também outras tecnologias que ajudem a que o atendimento seja mais rápido", propugnava em outubro.
Mais de 300 mil chamadas este mês

As infeções respiratórias estarão na origem do aumento das chamadas para a Linha SNS 24. Um sexto dos contactos foi encaminhado para consultas nos cuidados primários.

Desde o início de dezembro são já 307 mil as chamadas que chegaram aos operadores, um aumento de 17% face ao mesmo período do ano passado. O tempo médio de espera para serem atendidas as chamadas está nos dez minutos.

Segundo a informação enviada pelos SPMS, os dias de maior afluência coincidiram com os períodos imediatamente após os feriados de 2 e 9 de dezembro, bem como a passada segunda-feira.

Em mais de metade (55%) dos casos as pessoas tinham problemas respiratórios agudos, que têm sido o principal motivo de contacto. Quanto aos encaminhamentos resultantes das triagens realizadas, em 45,9% as pessoas foram encaminhadas para os cuidados de saúde primários, onde foram agendadas 56 mil consultas.

Dos utentes que contactaram a linha entre 1 e 17 de dezembro, 39,8% foram aconselhados a ir para as urgências e 4,7% dos casos encaminhados para o INEM.

c/ Lusa
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