O ex-apresentador de televisão Fialho Gouveia, 69 anos, que estava internado desde 24 de Agosto no Hospital da Universidade de Coimbra, morreu hoje de manhã.
Funeral no domingo
O corpo de Fialho Gouveia está em câmara ardente na Basílica da Estrela.
As cerimónias fúnebres foram transferidas depois de a família ter conseguido falar com o prior da Basílica da Estrela.
No domingo, depois da missa de corpo presente às 15:00, o corpo de Fialho Gouveia seguirá para o Cemitério dos Olivais, onde será cremado.
Vida dedicada à comunicação
Fialho Gouveia dedicou a vida à comunicação, tendo trabalhado mais de 30 anos na RTP e ficado conhecido pelo programa "Zip-Zip", o primeiro "talk-show" da televisão portuguesa.
A História de um Comunicador
Fez o liceu no D.João de Castro, em Lisboa, e mais tarde entrou para a Faculdade de Letras para o curso de Filologia Românica, que nunca terminou.
Ainda na Faculdade, participou num concurso para locutores da Rádio Universidade e foi aprovado, tendo sido este o primeiro passo para uma carreira de comunicador.
Passagem pela Rádio
Mais tarde o director da rádio Universidade, Caetano de Carvalho, informou-o de que estava aberta uma vaga para novos locutores para a RTP e Fialho Gouveia concorreu e ficou, passando a integrar os quadros da única televisão que existia então em Portugal.
Em 1959, juntamente com Paulo Cardoso, inaugurou as emissões de rádio à tarde na Renascença com o programa "Diário do Ar".
Depois desta experiência, Fialho Gouveia fez no Rádio Clube Português "A Onda do Optimismo", com Artur Agostinho, Maria Helena Varela, Jorge Alves, Gina Esteves e Isabel Volmar.
Em 1968, participou no programa da Rádio Renascença "PBX", uma produção dos Parodiantes de Lisboa, tendo trabalhado com Carlos Cruz, João Paulo Guerra, José Nuno Martins, Paulo Morais e Adelino Gomes.
No entanto, foi a televisão que lhe deu um maior reconhecimento público, estando o seu percurso ligado à história do canal público.
Trinta anos na Televisão
Fialho Gouveia apresentou um espaço informativo da RTP 1, e vários programas de entretenimento. O locutor estava de serviço com Fernando Balsinha quando se deu o 25 de Abril de 1974.
O seu nome vai ficar sempre ligado ao programa "Zip-Zip" (1969), o primeiro "talk-show" produzido pela televisão portuguesa, em que participavam Raul Solnado e Carlos Cruz, sob a direcção de Luís Andrade, e ao "A Visita da Cornélia", também com Raul Solnado.
Em 1970, devido ao êxito do "Zip-Zip" na televisão, Fialho Gouveia e a equipa do "PBX", a que se juntou Joaquim Furtado, integraram o programa "Tempo Zip", primeiro no Rádio Clube Português e mais tarde na Renascença.
Ao longo de mais de 30 anos na televisão, Fialho Gouveia apresentou vários programas como "O Gesto é Tudo", "E o Resto são Cantigas", "A Prata da Casa", "Vamos Caçar Mentiras", "Com Pés e Cabeça", "Arca de Noé", "Entre Famílias" e "Par ou Ímpar".
Fialho Gouveia apresentou também, e durante vários anos, os "Festivais da Canção" e ainda "Os Jogos Sem Fronteiras".
O Sport Lisboa e Benfica no coração
O clube reagiu com pesar à morte do ex-apresentador Fialho Gouveia, que ocupava o cargo de secretário da assembleia-geral do clube "luz".
"Parece que foi ainda há pouco tempo que ouvimos as palavras de Fialho de Gouveia na inauguração do novo estádio da Luz", declarou um porta-voz do clube, acrescentando que se tratava de "uma figura querida pela sociedade portuguesa, não só por ser um grande comunicador, mas também pela sua postura como homem".
Grande amigo e profissional
O director de programas da RTP, Luís Andrade, lembrou Fialho Gouveia, como um grande amigo e um grande profissional, pertencente à geração de ouro da televisão pública.
"Apesar de nestas alturas se dizer sempre que as pessoas eram boas, o Fialho Gouveia era mesmo uma grande pessoa, um grande amigo e um grande profissional".
Muito emocionado, Luís Andrade, que realizou o programa "Zip-Zip" que Fialho Gouveia apresentava juntamente com Carlos Cruz e Raul Solnado, lembrou que "desapareceu uma grande figura da RTP".