País
Morte de Odair Moniz. Mais dois agentes da PSP arguidos
O Ministério Público (MP) acusa os novos arguidos de terem mentido às autoridades, revela esta quarta-feira o jornal Público. Em causa está o relato que fizeram sobre onde encontraram a faca que serviu de justificação para Bruno Pinto ter disparado contra Odair Moniz e alegar legitima defesa.
Até agora, o colega que acompanhava nessa noite Bruno Pinto, R.M., era apenas uma testemunha no processo principal. No entanto, no despacho de acusação de outro processo, o Ministério Público acusa o agente R. M. de falsidade de testemunho, bem como outro agente da PSP, D.B.
Em causa estão discrepâncias entre os depoimentos de R.M e de D.B. e ainda a contradição com depoimentos de outro agente da PSP e de uma médica do INEM.
No âmbito do processo principal sobre o homicídio, a 10 de Dezembro o agente R.M. disse ao Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) que, quando chegou o INEM, tirou as bolsas da cintura de Odair Moniz, que já estava caído no chão; de seguida, meteu a mão por baixo do corpo e viu um punhal junto à bacia da vítima.
Já a 5 de maio, no âmbito deste novo processo, o agente R.M. declarou à Polícia Judiciária que só quando pôs a mão debaixo do corpo da vítima é que sentiu uma faca. Alegou então que não avisou ninguém devido ao stress e não se lembrava se tinha retirado a arma branca.
Já o agente D.B., agora constituído arguido, contou à PJ que ele, Bruno Pinto e outro agente tentaram levantar o tronco de Odair Moniz para ver se tinha algum ferimento e foi quando o viraram que viram uma faca que estava no chão, na zona esquerda da bacia.
Não foi possível provar que o punhal foi colocado “no local (na hipótese de não ser pertença de Odair Moniz) ou colocado à vista (na hipótese de ser sua pertença)", de acordo com o que o jornal Público leu no despacho de acusação do Ministério Público.
Ainda assim, a procuradora titular do inquérito-crime concluiu que R.M. e D.B mentiram e são acusados de falsidade de testemunho.
Este segundo processo investigou se os agentes envolvidos nos acontecimentos escreveram o respetivo relatório oficial (que foi arquivado) e se, por outro lado, a arma branca foi colocada no local do crime ou se teria sido posta à vista depois da morte do cozinheiro.