Mota Soares "indignado" com afastamento de Hélder Cravo em Évora
O vice-presidente da bancada do CDS-PP Mota Soares manifestou-se indignado com o afastamento pela direcção de Hélder Cravo do cargo de delegado distrital de Évora, lamentando "profundamente" a forma como a destituição foi feita.
"Lamento profundamente a decisão e estou muito indignado com esta postu ra", afirmou Mota Soares, em declarações à Lusa.
O deputado democrata-cristão salientou que "gostaria de falar mais livr emente" sobre esta matéria, invocando o referendo do próximo domingo sobre abort o para não o fazer.
"Quem fez isto não teve a mesma responsabilidade que eu. Foi uma decisã o irresponsável nesta altura", acusou.
A direcção do CDS-PP enviou a 1 de Fevereiro uma carta a Hélder Cravo c omunicando-lhe que iria ser substituído por João Almeida Mendes, invocando como justificação um projecto do partido para a região, "Novo Alentejo".
Na carta, o secretário-geral do CDS-PP, Martim Borges de Freitas, lembr a que a figura do delegado distrital (que existe nos distritos onde as estrutura s do partido não são suficientes para a realização de eleições) "depende da estr ita confiança política da direcção nacional do partido".
"Porque para o lançamento do projecto `Novo Alentejo` não deverão exist ir quaisquer disfuncionalidades que limitem a concretização do mesmo, tornou-se imperativo proceder à rotação do delegado distrital de Évora", refere a carta.
Mota Soares fez questão de deixar "uma palavra de reconhecimento e estí mulo" a Hélder Cravo.
"Não se admite que alguém que trabalhou tanto nos últimos anos no Alent ejo seja demitido por carta", criticou.
Para o deputado do CDS-PP, "não faz sentido decidir o que vai ser o tra balho do partido no Alentejo em plena campanha para o referendo", salientando qu e esta é uma das regiões onde é mais difícil passar a posição do CDS contra a de spenalização do aborto.
"Lamento profundamente o que foi feito, como foi feito e com que fundam ento foi feito, alegando-se falta de confiança política", criticou Mota Soares.
Hélder Cravo, que no Congresso de Maio de 2006 chegou a apresentar uma moção alternativa à da direcção (que acabou por não ir a votos), afirmou hoje à Lusa ter ficado "chocado e triste" com a forma como a direcção lhe comunicou a s ua substituição no distrito de Évora.
Questionado pela Lusa, Borges de Freitas rejeitou, contudo, que o afast amento de Hélder Cravo esteja relacionado com as suas posições críticas em relaç ão à direcção de José Ribeiro e Castro.
"Não tem a ver com pessoas, tem a ver com uma política e uma orientação do partido para apostar no Alentejo", afirmou, recusando personalizar esta ques tão.
De acordo com o secretário-geral e vice-presidente do CDS, "a direcção pôs em execução o projecto `Novo Alentejo`", que abrange os distritos de Évora, Beja e Portalegre bem como os concelhos de Alcácer do Sal, Sines, Grândola e San tiago do Cacém, do distrito de Setúbal.