De 20 passaram para 41 radares. Os primeiras 20 foram substituídos por uma tecnologia mais moderna, capazes de controlar várias vias e ambos os sentidos.
Para perceber o impacto destes equipamentos, a Antena 1 pediu à Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) os dados de acidentes mais graves (os que provocam vítimas, feridos e mortes) nas vias que fazem parte do sistema de segurança rodoviária da capital.
De 2019 para 2023, o número de acidentes com vítimas baixou de 506 para 382 acidentes, menos 25%. A Avenida Infante Dom Henrique não descola da liderança deste ranking negro.
A comparação deve ter em conta que 2020 e 2021 foram marcados pela covid-19, enquanto 2022 ainda teve algumas restrições associadas à pandemia e os radares entraram gradualmente em funcionamento só a partir de junho.
Olhando para os dados de toda a cidade de Lisboa, locais vigiados ou não, os acidentes com vítimas diminuíram oito por cento entre 2014 e 2023, bem como 21 por cento entre 2019 e 2023.
Foi um ritmo contínuo de subida entre 2014 e 2017, estabilizou no ano seguinte e desceu em 2019. A retoma após a quebra da pandemia está inferior aos números da década anterior.
A comparação deve ter em conta que 2020 e 2021 foram marcados pela covid-19, enquanto 2022 ainda teve algumas restrições associadas à pandemia e os radares entraram gradualmente em funcionamento só a partir de junho.
Olhando para os dados de toda a cidade de Lisboa, locais vigiados ou não, os acidentes com vítimas diminuíram oito por cento entre 2014 e 2023, bem como 21 por cento entre 2019 e 2023.
Foi um ritmo contínuo de subida entre 2014 e 2017, estabilizou no ano seguinte e desceu em 2019. A retoma após a quebra da pandemia está inferior aos números da década anterior.
“Os radares parece terem contido este efeito”, afirma.
“Há um caminho que se vai fazendo”, aponta João Figueira de Sousa, consultor em mobilidade e professor na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa.
“Temos, seguramente, uma mudança de comportamento por parte dos condutores”, destaca, com “maior fiscalização” graças aos “radares que funcionam, que têm um efeito dissuasor” na velocidade.
Segundo estes dados, os anos de 2022 e 2023 foram os menos mortais na sinistralidade rodoviária em Lisboa - nove mortes em cada ano.
Segue-se 2016 (12 mortes), 2019 (15 mortes), 2015 e 2021 (17 mortes), 2014 e 2017 (18 mortes), 2020 (22 mortes) e 2018 (30 mortes).
A ANSR não enviou dados de 2024 à Antena 1, afirmando que não estão consolidados.
Em reação à rádio pública, o vice-presidente da Câmara de Lisboa elogia os números registados: “nunca estivemos tão perto como nestes últimos três anos com o que é desejável, que não haja vítimas”.
“Temos de ter consciência que, por muito que trabalhemos, a atividade criminosa tem de ser imputada aos agentes que a cometem”, defende Filipe Anacoreta Correia.
Ainda assim, diz que tem alargado a mais áreas residenciais as zonas onde se pode circular no máximo a 30 km/h e também aumentado os radares – um investimento que foi aprovado no mandato de Fernando Medina – sempre com aviso da sua existência.
Avenida Padre Cruz destaca-se entre novos locais vigiados
Os dois especialistas acreditam que os radares pesaram na descida geral de Lisboa, mas seria precisa uma análise mais detalhada em cada caso.
Ainda assim, os dados da ANSR deixam pistas de que os radares, sozinhos, nem sempre baixam a gravidade dos acidentes. Há locais com descidas expressivas e outros praticamente iguais entre 2019 e 2023.
Ainda assim, os dados da ANSR deixam pistas de que os radares, sozinhos, nem sempre baixam a gravidade dos acidentes. Há locais com descidas expressivas e outros praticamente iguais entre 2019 e 2023.
Nos locais que não tinham radares, destaca-se a descida para metade de acidentes e vítimas na Avenida Padre Cruz (entre a Calçada de Carriche e o Campo Grande). Em 2019 foram 23 acidentes e 30 feridos, enquanto em 2023 contam-se 15 acidentes e 16 feridos - não houve mortes.
A Avenida Doutor Alfredo Bensaúde (Olivais) também teve um recuo, enquanto a descida foi mais ligeira na Avenida Santos e Castro (Alta de Lisboa) e na Avenida Calouste Gulbenkian. A Avenida dos Combatentes teve um pequeno aumento (as últimas duas avenidas estão ligadas à Praça de Espanha).
Com a descida na Padre Cruz, a Avenida Lusíada (entre o Centro Comercial Colombo e a Universidade Católica) passou a ser a pior entre estas seis avenidas - a descida foi de 18 para 16 acidentes graves de 2019 para 2023.
Ao mesmo tempo, esta é a avenida onde foram detetadas pelos radares mais infrações em toda a cidade, desde junho de 2022, de acordo com dados enviados à Lusa.
"Ouvimos muitas queixas por parte de munícipes, que entendem que o radar é abusivo”, admite o vice-presidente da Câmara de Lisboa, isto “porque aquela rua tem vocação para os carros andarem mais rápido”.
Filipe Anacoreta Correia defende que "o radar, eventualmente, poderia ter outra velocidade”, sem especificar qual, apontando que o limite atual (50 km/h) permite baixar o ruído ouvido nas habitações em redor.
Segunda Circular melhorou apenas numa parte
Depois da Avenida Infante Dom Henrique, duas das três avenidas que compõem a Segunda Circular fecham o top 3 dos locais vigiados com mais acidentes graves.
Foram acrescentados radares na Avenida Marechal Craveiro Lopes (junto ao aeroporto), na Avenida General Norton de Matos (junto ao Campo Grande) e na Avenida Eusébio da Silva Ferreira (perto do Centro Comercial Fonte Nova), mas apenas na última houve uma descida acentuada.
Em 2019 registaram-se 39 acidentes e 50 feridos, enquanto em 2023 contam-se 18 acidentes e 22 feridos - não houve mortes.
Depois da Avenida Infante Dom Henrique, duas das três avenidas que compõem a Segunda Circular fecham o top 3 dos locais vigiados com mais acidentes graves.
Foram acrescentados radares na Avenida Marechal Craveiro Lopes (junto ao aeroporto), na Avenida General Norton de Matos (junto ao Campo Grande) e na Avenida Eusébio da Silva Ferreira (perto do Centro Comercial Fonte Nova), mas apenas na última houve uma descida acentuada.
Em 2019 registaram-se 39 acidentes e 50 feridos, enquanto em 2023 contam-se 18 acidentes e 22 feridos - não houve mortes.
Questionado sobre o que fazer, João Figueira de Sousa considera importante retomar projetos que nunca saíram do papel: tornar a Segunda Circular numa via mais urbana.
O consultor imagina uma via “com espaços verdes e espaço para transportes públicos em sítio próprio”, algo que iria “obrigar à redução de velocidades e tornar todo este tráfego mais compatível com a condição mais urbana desta via”.
Visão diferente tem Mário Alves: “não tocaria ainda na Segunda Circular enquanto não trabalhasse a cidade”, focando-se na segurança pedonal.
Nesta via, Mário Alves assinala que os acidentes acontecem muitas vezes nas “entradas e saídas, nas vias de aceleração ou de desaceleração”.
Olhando para o resto da cidade, a Avenida da República, a Avenida Almirante Gago Coutinho, a Avenida Afonso Costa (Areeiro) e o Campo Grande tiveram diminuições consideráveis no número de acidentes com vítimas.
O consultor imagina uma via “com espaços verdes e espaço para transportes públicos em sítio próprio”, algo que iria “obrigar à redução de velocidades e tornar todo este tráfego mais compatível com a condição mais urbana desta via”.
Visão diferente tem Mário Alves: “não tocaria ainda na Segunda Circular enquanto não trabalhasse a cidade”, focando-se na segurança pedonal.
Nesta via, Mário Alves assinala que os acidentes acontecem muitas vezes nas “entradas e saídas, nas vias de aceleração ou de desaceleração”.
Olhando para o resto da cidade, a Avenida da República, a Avenida Almirante Gago Coutinho, a Avenida Afonso Costa (Areeiro) e o Campo Grande tiveram diminuições consideráveis no número de acidentes com vítimas.
"Localização das passadeiras muita vezes não é adequada"
Embora com ligeiros recuos, a Avenida Infante Dom Henrique e a Avenida de Ceuta mantêm valores altos nos acidentes mais graves.
“Não há uma relação de causa-efeitos dos radares sempre”, considera João Figueira de Sousa, mas “há de facto uma tendência que nós podemos dizer que sim, os radares têm contribuído para uma diminuição do número de vítimas”.
Os dois especialistas alinham na necessidade de aplicar outras medidas de acalmia de trânsito: mais limites até 30 km/h em zonas residenciais, mudar o desenho das estradas para reduzir velocidades em curvas e proteger passadeiras. Gonçalo Costa Martins - Antena 1
Embora com ligeiros recuos, a Avenida Infante Dom Henrique e a Avenida de Ceuta mantêm valores altos nos acidentes mais graves.
“Não há uma relação de causa-efeitos dos radares sempre”, considera João Figueira de Sousa, mas “há de facto uma tendência que nós podemos dizer que sim, os radares têm contribuído para uma diminuição do número de vítimas”.
Os dois especialistas alinham na necessidade de aplicar outras medidas de acalmia de trânsito: mais limites até 30 km/h em zonas residenciais, mudar o desenho das estradas para reduzir velocidades em curvas e proteger passadeiras. Gonçalo Costa Martins - Antena 1
Sobre essas duas avenidas, João Figueira de Sousa diz que são vias que convidam a velocidades maiores, realçando a importância de se pensar na proteção e no local das passadeiras.
“A localização das passadeiras muitas vezes não é a mais adequada”, afirma, e há situações em que os peões não atravessam no sítio certo e outras com “um esforço enorme” de percurso para chegarem às passadeiras.
Já Mário Alves critica os atropelamentos dentro das localidades: “Estamos com uma situação bastante grave comparado com o resto da Europa”.
Entre 2014 e 2023, segundo a ANSR, as estradas vigiadas de Lisboa tiveram 468 atropelamentos, 2.976 colisões e 1.029 despistes.
A Avenida Infante Dom Henrique teve o pior registo: contam-se oito mortes (seis são peões) e 658 feridos. É a que regista mais colisões (362) e a terceira com mais atropelamentos (64, atrás da Avenida da República, com 111 atropelamentos, e do Campo Grande, com 76 atropelamentos).
Zona de Entrecampos sem data para radares
Para a Avenida Infante Dom Henrique, a Câmara de Lisboa promete medidas: sinalizar passadeiras e a velocidade máxima. São ideias já aplicadas em Entrecampos, na Avenida das Forças Armadas e na Avenida dos Estados Unidos da América.
No ano passado, morreram nesses dois locais duas pessoas atropeladas, mortes que motivaram uma petição e este sábado um protesto a pedir “medidas eficazes” para a segurança pedonal.
O vice-presidente da autarquia, Filipe Anacoreta Correia, diz à Antena 1 que ainda não há data para instalar os radares prometidos na zona de Entrecampos. Rejeita também as críticas da falta de eficácia do que já foi feito.
“A localização das passadeiras muitas vezes não é a mais adequada”, afirma, e há situações em que os peões não atravessam no sítio certo e outras com “um esforço enorme” de percurso para chegarem às passadeiras.
Já Mário Alves critica os atropelamentos dentro das localidades: “Estamos com uma situação bastante grave comparado com o resto da Europa”.
Entre 2014 e 2023, segundo a ANSR, as estradas vigiadas de Lisboa tiveram 468 atropelamentos, 2.976 colisões e 1.029 despistes.
A Avenida Infante Dom Henrique teve o pior registo: contam-se oito mortes (seis são peões) e 658 feridos. É a que regista mais colisões (362) e a terceira com mais atropelamentos (64, atrás da Avenida da República, com 111 atropelamentos, e do Campo Grande, com 76 atropelamentos).
Zona de Entrecampos sem data para radares
Para a Avenida Infante Dom Henrique, a Câmara de Lisboa promete medidas: sinalizar passadeiras e a velocidade máxima. São ideias já aplicadas em Entrecampos, na Avenida das Forças Armadas e na Avenida dos Estados Unidos da América.
No ano passado, morreram nesses dois locais duas pessoas atropeladas, mortes que motivaram uma petição e este sábado um protesto a pedir “medidas eficazes” para a segurança pedonal.
O vice-presidente da autarquia, Filipe Anacoreta Correia, diz à Antena 1 que ainda não há data para instalar os radares prometidos na zona de Entrecampos. Rejeita também as críticas da falta de eficácia do que já foi feito.
“Os dois casos de mortes que houve, volto a dizer, foram dois casos que, ao que tudo indica, foram atitudes e comportamentos de condutores criminosos”, dizendo que os radares para vigiar o novo limite máximo de 40 km/h, anunciado em outubro e já em vigor, não têm calendário.
Recandidatura? "Para se dançar, não se dança sozinho"
Questionado sobre a possibilidade de se candidatar a um novo mandato com Carlos Moedas, atual presidente da autarquia, o vice deixa em aberto.
"Antes de mais, tem de perguntar ao presidente Carlos Moedas se ele já tomou a decisão de se candidatar. Para se dançar, não se dança sozinho", afirma Anacoreta Correia, que diz também ser uma decisão pessoal candidatar-se com Moedas à Câmara de Lisboa nas eleições autárquicas deste ano.