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Navio encalhado. Risco de derrame "existe" mas há plano de contingência

por RTP
“Todas as equipas estão de prontidão”, afirma a Autoridade Marítima Mário Cruz - Lusa

O risco de derrame de combustível a partir do cargueiro de pavilhão espanhol encalhado no Tejo “existe”, embora não haja por agora “danos estruturais”, admitiu esta sexta-feira a Autoridade Marítima, que mantém “todas as equipas de prontidão”.

“O risco existe. O navio já está há algum tempo a ser fustigado pela ondulação, mas para já não apresenta danos estruturais”, afirmou o comandante Fernando Pereira da Fonseca, porta-voz da Autoridade Marítima, em declarações à agência Lusa.

A bordo do cargueiro Betanzos, explicou o mesmo responsável, “estão 130 toneladas de combustível marítimo e 20 toneladas de resíduos oleosos”.
O Betanzos está encalhado ao largo do Bugio, na foz do Rio Tejo, desde a madrugada da passada terça-feira. Os dez tripulantes foram ontem retirados do navio por um helicóptero da Força Aérea.

O risco de derrame é, por agora, considerado baixo. Ainda assim, a Autoridade Marítima já pôs em marcha um plano de contingência, que inclui material de combate à poluição proveniente da base logística de Troia: parte deste material encontra-se na Base Naval e outra parte destina-se à Docapesca.

“Todas as equipas estão de prontidão. Há um centro de controlo para a coordenação dos meios pronto e a Marinha já tem 120 militares em prontidão para reforçar estas equipas. Mas para já a probabilidade é baixa, o navio mantém a sua integridade estrutural”, insistiu o comandante.

O armador do navio recrutou entretanto um rebocador de grandes proporções vindo de Gibraltar, que chegou a Lisboa pelas 17h30 de quinta-feira, assim como material de tração transportado por via aérea.

“Neste momento, a empresa do rebocador está a preparar o cabo de reboque em terra. O armador já apresentou o detalhe do plano que tenciona fazer ao Capitão do Porto e logo que o cabo esteja pronto e acharem uma janela de oportunidade olhando para a maré e estado do mar com certeza vão tentar fazer a manobra”, detalhava esta manhã o porta-voz da Autoridade Marítima.

Alguns dos tripulantes do cargueiro foram já ouvidos na qualidade de testemunhas, ainda segundo o comandante Pereira da Fonseca: “Foram ouvidos, uma vez que ocorreu um acidente marítimo, agora há um processo de averiguações instaurado pela Polícia Marítima. Por isso, têm que ser ouvidos os elementos da tripulação que agora estão a cargo do armador”.
“Tudo reunido”

Ouvido durante a manhã pela reportagem da RTP, o comandante Coelho Gil, da Capitania do Porto de Lisboa, indicou, por sua vez, que “tudo está reunido para se começar a preparar o cabo de tração”, tendo em vista nova tentativa de desencalhe.

Trata-se, de acordo com o comandante Coelho Gil, de “uma operação que ainda demorará algum tempo”.

“Os pontos de ligação vão ser escolhidos com critério e isso vai demorar”, afirmou Coelho Gil, que admitiu também a possibilidade de o agravamento do estado do tempo vir a condicionar os trabalhos da equipa enviada pelo armador.

“A nossa preocupação inicial prendeu-se com a salvaguarda da vida humana no mar e, com o adivinhar das condições meteorológicas que estavam previstas ontem, retirar em segurança todos os tripulantes de bordo”, sublinhou.

Questionado sobre o risco de derrame, o comandante Coelho Gil frisou que “o navio é uma estrutura robusta, está feito para aguentar sob condições adversas”.

“Está de facto há alguns dias a sofrer e a aguentar agressões da parte do mar, energia forte de ondulação e o mar a bater na estrutura. Poderá, de facto, haver danos na estrutura e no navio e isso pode acontecer. Não falarei em desastre, mas poderá haver algum derrame de hidrocarbonetos a bordo”, reforçou o comandante.

“Temos o material pré-posicionado na região de Lisboa, perto dos locais onde poderá haver deslocação de hidrocarbonetos”, acrescentou.

“Uma coisa é certa: o navio não vai ficar ali. Vai ser removido. A resposta difícil é quando”, concluiu.

c/ Lusa
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