As ruas da cidade estão desertas mas há frases em faixas, colocadas nas janelas e varandas de Lisboa, exigindo que, num contexto de pandemia de covid-19, ninguém fique para trás.
A campanha "Ninguém fica para trás" nasceu nos bairros lisboetas de Arroios, Areeiro e São Vicente e foi lançada a 18 de março nas redes sociais, com o intuito de apoiar "quem já se encontrava numa condição de fragilidade e de precariedade antes de a pandemia surgir".
"Saúde para toda a gente" ou "rendimento social de quarentena" são algumas das frases pintadas em faixas e cartazes que os apoiantes da campanha decidiram pendurar e colar no exterior das suas próprias casas, em Lisboa.
A verdade é que a campanha não passou despercebida aos olhos de quem passa nas ruas e vê os cartazes, e muitas pessoas juntaram-se a esta ação e colaram também cartazes com as demandas do grupo, nas suas saídas ocasionais para o trabalho ou para ir ao supermercado.
Em entrevista à RTP, Inês Carvalhal, uma das signatárias, confirmou que a campanha tem chegado a uma "margem bastante abrangente de pessoas", incluindo pessoas "fora" do "contexto mais próximo" do grupo, o que tem ajudado a divulgá-la.
Em entrevista à RTP, Inês Carvalhal, uma das signatárias, confirmou que a campanha tem chegado a uma "margem bastante abrangente de pessoas", incluindo pessoas "fora" do "contexto mais próximo" do grupo, o que tem ajudado a divulgá-la.
A campanha consiste na divulgação de seis frases reivindicativas que, segundo os seus signatários, foram pensadas para fazer face às repercussões sócio-económicas do coronavírus: "Saúde para toda a gente", "Casas para toda a gente", "Gratuidade dos serviços essenciais", "Rendimento social de quarentena", "Manutenção dos postos de trabalho", "Indulto de presos por crimes menores e dignidade para todos".
A campanha em questão pretende defender as pessoas e trabalhadores que, já antes do contexto de pandemia, viviam ou trabalhavam em situações precárias. E de facto, muitas pessoas têm procurado ajuda e contactado o grupo fundador da campanha com "questões laborais" e, principalmente sobre as "legislações que têm saído" desde o início do contexto pandémico em Portugal, explicou Inês Carvalhal.
Quando escreveram as reivindicações, procuraram que estas correspondessem e defendessem, principalmente, as pessoas já em situações precárias, "como por exemplo trabalhadores independentes, recibos verdes", e que podiam ser mais afetados com as medidas do Governo no combate à Covid-19.
E, de forma a dar mais visibilidade às reivindicações e mais voz a quem precisa neste contexto pandémico, o grupo propõe um "mail bombing" na quarta-feira, dia 8 de abril. O objetivo é que "toda a gente, qualquer pessoa que queira", como esclareceu Inês Carvalhal, envie uma mensagem eletrónica com as demandas da campanha aos órgãos de soberania.
O grupo promove, assim, uma "avalanche de mensagens electrónicas simultâneas com os mesmos destinatários", que possam "inundar as caixas de correio electrónico dos órgãos de soberania com as nossas demandas".
O grupo desafia ainda todas as pessoas a colocarem as suas reivindicações à janela: "Se, em 2004, as bandeiras de Scolari estiveram penduradas para a seleção nacional, estas faixas deverão estar em todas as varandas por todos nós".