Ninguém ficará sem lugar no concurso para professores de Espanhol, diz ministra
Castelo Branco, 27 Mar (Lusa) - A ministra da Educação afirmou hoje que a alteração às regras do concurso de colocação de professores de espanhol visa colmatar a falta de docentes da disciplina e garantiu que nenhum candidato ficará sem lugar.
"Infelizmente temos muita falta de professores. Ficámos com mais de 600 horários por ocupar em Espanhol", realçou.
As declarações surgiram depois de a ministra receber, de um grupo de dez professores profissionalizados de espanhol, uma carta a pedir alterações ao concurso para leccionar a disciplina.
Em causa está "a abertura do concurso a oito grupos de docentes que podem concorrer ao Espanhol" para além dos professores profissionalizados, referiu o grupo na carta e de viva voz, à chegada da ministra.
"Não vamos poder ocupar vagas de quadro, porque seremos passados à frente por outros colegas", sem a profissionalização, mas que leccionam línguas com mais tempo de serviço que o Espanhol, uma língua introduzida mais recentemente.
Mais concorrentes para leccionar Espanhol "são muito bem-vindos, não contestamos, mas só depois de nós", acrescentaram.
Questionada pelos jornalistas, a minisra referiu que será dada "a melhor resposta para servir alunos e escolas".
Os professores profissionalizados de espanhol contestam as novas regras do concurso de educadores de infância e de professores dos ensinos básico e secundário para o ano escolar de 2009/2010, cujo decreto-lei foi alterado e publicado em Diário da República a 12 de Março.
Segundo estas alterações, os licenciados em línguas estrangeiras e/ou Português vão poder integrar os quadros das escolas e universidades públicas do grupo de Espanhol, se possuírem um diploma do Instituto Cervantes, medida que a associação de docentes de Espanhol considera "ilegal e desnecessária".
Até agora, para a atribuição de habilitação profissional para a docência em qualquer grupo é preciso uma licenciatura atribuída por uma instituição do ensino superior, um número de créditos nas disciplinas que integram as áreas do conhecimento em que pretende profissionalizar-se como docente e ainda o grau de Mestre em Ensino nesse mesmo domínio docente.
O Governo garantiu na segunda-feira que os requisitos para os professores de Espanhol no concurso deste ano são "transitórios" e que visam colmatar a "enorme" falta de docentes na área, bem como o aumento do número de alunos.
Segundo dados do Ministério da Educação a que a Agência Lusa teve acesso, frequentam este ano lectivo a disciplina 36.662 alunos no ensino básico e 13.211 no secundário, num total de 49.873. No ano lectivo anterior eram 30.407 e em 2004/05 eram 5.267.
Assim, no concurso de recrutamento de professores deste ano, considera-se que a habilitação é conferida também aos docentes com uma qualificação profissional numa língua estrangeira e/ou português e que possuam na componente científica da sua formação a variante Espanhol ou o Diploma Espanhol de Língua Estrangeira (DELE), nível C2, do Instituto Cervantes.
Segundo o secretário de Estado da Educação, existem actualmente nos quadros 35 professores do grupo de recrutamento de Espanhol (350), mas o Governo vai abrir 220 vagas.
"Os professores com habilitação profissional que se candidataram [nas cíclicas, residuais e contratação de escola] durante este ano foram 170. Mesmo que todos se candidatem agora não conseguiríamos preencher as vagas que abrimos para os quadros", acrescentou Valter Lemos.
Durante o concurso que está a decorrer, que vai ditar as colocações para os próximos quatros anos, apenas "cinco" docentes se tinham candidato até segunda-feira agora aos quadros naquelas circunstâncias, estimando o secretário de Estado que venham a ser apenas "algumas dezenas".
LFO/MLS.