"Tenho que sair aqui um pouco em defesa de João Soares e Santana Lopes porque melhor do que isto não se consegue. Quando é para dizer bem, é para dizer bem e este modelo é, de facto, muito satisfatório", afirmou Maria José Nogueira Pinto, que hoje visitou o bairro.

Para a candidata, o modelo adoptado na Musgueira, um antigo bairro de barracas, facilita a integração social dos mais pobres por juntar na mesma zona prédios de realojamento e prédios de habitação para venda a custos controlados.

Os elogios de Maria José Nogueira Pinto, que enalteceu ainda a qualidade dos arruamentos, contrastam, no entanto, com as opiniões dos moradores, que se queixam da falta de equipamentos e de transportes, bem como da degradação dos edifícios novos onde foram realojados.

"Eu tinha ali uma boa casa, que foi feita por mim. Era uma casa com primeiro andar, marmorite, janelas e portas de alumínio, tinha tudo. Preferia muito mais morar na minha casa antiga porque não gosto nada destes prédios", lamentou Helena Maria, de 47 anos, realojada há três.

Os moradores dizem-se revoltados com a má qualidade da construção e queixam-se das casas "estarem a cair aos bocados", apesar da alegada degradação de que falam não ser visível aos olhos de quem passa.

"As obras foram feitas muito à pressa. Eles despacharam isto para a gente se calar e, pronto, ficámos com a porcaria", acusou outra moradora, lamentando também a falta de vagas na creche local, a má qualidade dos baloiços do jardim infantil, a distância da paragem de autocarro e a falta de uma praça de táxis na zona.

Perante as insistentes queixas dos moradores, a candidata democrata-cristã considerou que faltam alguns equipamentos sociais na zona, mas afirmou ser necessário promover uma cultura que incite as pessoas a lutarem por melhorar a sua qualidade de vida, em vez de apenas reivindicarem direitos.

"Temos uma cultura muito baseada em direitos e pouco em deveres. Todo o discurso ainda é o do coitadinho, do dêem-me isto, dêem-me aquilo. É preciso dar a ideia às pessoas que elas também têm de fazer pela sua vida", afirmou, lembrando o provérbio chinês que aconselha a ensinar a pescar, em vez de apenas dar o peixe.

Nas ruas da Musgueira, Maria José Nogueira Pinto enfrentou alguns momentos de hostilidade, deparando-se com a desconfiança de vários moradores, que se queixavam de serem apenas visitados por políticos em vésperas de eleições.

No clube recreativo "Águias da Musgueira", onde começou o percurso pelo bairro, a candidata aproveitou para dar uma tacada num jogo de "snooker" que estava a decorrer entre dois moradores, mas falhou a tacada e a bola branca ziguezagueou pelo pano verde sem bater em nenhuma outra, o que irritou um dos jogadores.

"Está aqui uma pessoa a jogar e depois vêm para aqui para a fotografia estragar o jogo a um gajo, pá! Vão trabalhar, vão trabalhar!", afirmou, irritado, um dos jogadores.