Nova urbanização que substituiu bairro de barracas recebeu hoje primeiros moradores
As primeiras famílias de uma nova urbanização em Beja, que substituiu um aglomerado de barracas, receberam hoje as chaves das casas, cuja venda tem sido afectada pela proximidade de um bairro problemático, admitiram hoje os promotores.
A Colina do Carmo "nasceu" após a demolição do último aglomerado de barracas ilegais que existia na periferia de Beja, junto ao Bairro da Esperança, problemático em termos de pobreza e associado ao tráfico de droga.
A nova urbanização foi construída no âmbito do processo de requalificação do bairro e ao abrigo de um contrato de desenvolvimento habitacional a custos controlados, entre a Câmara e a Sociedade de Construções H. Hagen, SA.
"Há pessoas com relutância em comprar casa na Colina do Carmo, devido à proximidade e aos estereótipos associados ao bairro", disse hoje à agência Lusa o presidente do município de Beja, Francisco Santos, admitindo que "têm existido dificuldades na comercialização da urbanização".
Em declarações à Lusa, Lurdes Mário Soares, administradora da empresa responsável pela construção e comercialização da urbanização, também admitiu hoje que "inicialmente, existiram algumas dificuldades na venda das casas, devido à proximidade do Bairro da Esperança".
No entanto, salientou, a empresa "já está a sentir uma nova dinâmica nas vendas" impulsionada pelo facto de a autarquia estar a construir um novo acesso à urbanização, como alternativa à passagem pelo interior do bairro.
Até agora, nove meses após o início da comercialização, foram vendidos "cerca de metade" dos 84 apartamentos da primeira fase, estando, na maioria dos casos, a decorrer o processo de celebração de escrituras públicas, segundo dados fornecidos à Lusa pela empresa.
A cerimónia de entrega das chaves das casas às primeiras nove famílias que já compraram casa e assinaram as escrituras públicas decorreu hoje de manhã, no local.
"As habitações são de boa qualidade e estão a ser vendidas a preços abaixo do valor médio de mercado", acentuou Francisco Santos, sustentando que "a relutância de potenciais compradores não faz sentido".
Do "outro lado da moeda", disse, "há famílias interessadas em comprar uma casa na Colina do Carmo e não podem, porque têm dificuldade em obter empréstimo bancário, devido aos baixos rendimentos".
A construção da Colina do Carmo, cujo projecto, dividido em duas fases, prevê um total de 200 apartamentos, de tipologias entre T1 e T4, permitiu "requalificar a zona" e pretende "alterar a imagem associada ao bairro", frisou o autarca.
Apesar das dificuldades iniciais, garantiu Lurdes Mário Soares, a empresa pretende avançar com a construção dos 116 apartamentos da segunda fase "logo que a conjuntura económica seja mais favorável" e "para não se perder a dinâmica do empreendimento".
O projecto da Colina do Carmo, que começou no início de 2006 após a demolição do aglomerado de barracas, custou à autarquia 1,8 milhões de euros, divididos na cedência de terrenos (1,2 milhões de euros), reforço do abastecimento de água e electricidade à zona (200 mil euros) e construção do novo acesso à urbanização (400 mil euros).
Além das moradias, o projecto prevê ainda a construção de infra-estruturas para a prestação de serviços e de um novo edifício para albergar todas as valências da delegação de Beja da Cruz Vermelha Portuguesa, que se encontram dispersas pela cidade.
A demolição das barracas, no âmbito do projecto de requalificação do Bairro da Esperança, levou ao realojamento, numa outra urbanização, das 50 famílias de etnia cigana que ali viviam há mais de duas décadas.