Novas espécies de lampreias descobertas em Portugal "em perigo de extinção"
Redação, 04 dez (Lusa) -- Um grupo de investigadores do Centro de Oceanografia português descobriu três novas espécies de lampreia que se encontram em perigo de extinção e que fazem aumentar a responsabilidade de Portugal na conservação da biodiversidade.
"Com a descoberta destas três novas espécies, nós duplicamos o número de espécies existentes na Península Ibérica e cinco delas ficam confinadas ao nosso país e não existem mais em lado nenhum no mundo. Do ponto de vista da conservação da biodiversidade, temos uma responsabilidade acrescida", afirmou à agência Lusa Pedro Raposo de Almeida, um dos autores do Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, que agora orientou o estudo das novas espécies.
As três novas espécies de lampreia -- da Costa de Prata, do Nabão e do Sado -- foram agora classificadas depois de um trabalho de "uma década", que detetou novas espécies "endémicas de Portugal".
Até agora só estavam identificadas três espécies (marinha, de riacho e de rio), sendo que apenas uma delas continua a existir em Espanha, pelo que "com a descoberta destas três novas espécies" a Península Ibérica vê duplicado o número, com cinco delas a estarem confinadas a Portugal.
Por apresentarem áreas de distribuição muito restritas e fragmentadas, com populações "muito exíguas", os investigadores defendem que devem "ser classificadas como espécies criticamente em perigo", o que, na prática, "corresponde à classificação imediatamente antes do extinto".
Para contrariar esse risco de extinção das espécies agora descobertas, é necessária "uma gestão cuidada de forma a preservar os habitats em que elas ocorrem", salientou o investigador, para quem deve ser "definidas áreas de proteção especiais, zonas especiais de conservação, onde depois há uma série de restrições a um determinado tipo de atividades".
"Às vezes basta, por exemplo, uma retificação de um leito, uma dragagem que é feita ou um desassoreamento e(...) é muito fácil, com uma intervenção desta natureza condenar uma espécie", assinalou, lembrando que a lampreia passa por uma fase larvar "enterrada no sedimento" durante "quatro ou cinco anos".
Ainda que a lampreia seja uma espécie muito apreciada gastronomicamente, é com algum alívio que os investigadores informam que as novas espécies não são comestíveis nem alvo de pesca comercial, até porque "são animais de pequenas dimensões", podendo atingir entre 17 a 20 centímetros no estado adulto.