O novo líder do PSD/Açores, Carlos Costa Neves, comprometeu-se hoje a operar uma "mudança de atitude" no interior do partido, com o objectivo de "recuperar a confiança" dos açorianos nas eleições regionais de 2008.
"Conto com todos os militantes do PSD para a enorme tarefa de estimular o partido, para enfrentar com sucesso uma nova fase da sua vida e preparar uma alternativa de governo necessária em 2008", salientou Costa Neves, no discurso de encerramento do XIV Congresso Regional.
O antigo ministro da Agricultura, que já tinha liderado o PSD/Açores entre 1997 e 1999, foi eleito na reunião magna dos social- democratas açorianos, na qual enfrentou Américo Natalino Viveiros, um "histórico" do partido na região.
No Congresso, na sequência da demissão de Victor Cruz, que agora deixa a política activa, a moção de estratégia de Costa Neves recolheu 54,8 por cento dos votos, enquanto que o documento proposto por Américo Natalino Viveiros obteve 35 por cento (99 dos 281 votos expressos).
Perante os delegados, Costa Neves defendeu hoje que o PSD necessita, a partir de agora, de estar mais organizado, mobilizado e dialogante com os militantes, assim como mais "inovador nas suas propostas e afirmativo no combate político".
"Como sinal dessa mudança de atitude, no primeiro semestre de 2007, elegeremos o presidente do PSD por meio de directas", disse o novo líder do partido, que adiantou a intenção de apresentar a sua candidatura nestas eleições internas.
No encerramento do Congresso, o novo líder acusou, ainda, o PS/Açores, no poder regional desde 1996, de estrangular a "sociedade civil de forma que não acontece em lugar nenhum que tenha vida democrática".
O Governo Regional chefiado por Carlos César é responsável pela "encenação permanente" de um discurso sobre uns "Açores que criaram dentro dos muros cor-de-rosa do Palácio de Sant`Ana", alertou Costa Neves, para quem os açorianos esperam do PSD uma "oposição combativa e de alternativa política".
Disse, ainda, que o partido vai preparar o seu projecto de revisão do Estatuto Político-Administrativo, de modo a respeitar o reforço das competências legislativas da região, mas assegurou que o PSD vai respeitar o entendimento já existente com o PS sobre esta matéria.
Costa Neves defendeu, também, a revisão da Lei de Finanças Regionais, através de uma alteração à fórmula de cálculo das transferências do Estado para os Açores, um processo que, alertou, não deve ser feito por "conveniência ou oportunismo político".
Da nova Comissão Política Regional do PSD/Açores, eleita com 194 votos "sim" e 51 "não", fazem parte seis vice-presidências atribuídas a Berta Cabral, Joaquim Ponte, Duarte Freitas, António Marinho, Aires Reis e Roberto Vieira, alguns nomes dos quais já faziam parte da equipa de Victor Cruz.
O secretário-geral do partido passa a ser agora Jorge Macedo.
Américo Natalino Viveiros, ex-secretário regional dos governos de Mota Amaral, assegurou que sai do Congresso de "consciência tranquila" por ter dado um contributo para o "debate verdadeiro" que se realizou nos últimos três dias.
"Deste ponto de vista, cumpri inteiramente a minha parte", assegurou Natalino Viveiros, para quem o "debate interno não termina" com o final da reunião magna dos social-democratas açorianos.
Assegurou, ainda, não ter ficado surpreendido com a votação que a moção que apresentou obteve, alegando que "sabia que tinha muita gente" consigo.
