"O país está a transforma-se num deserto"

Julho foi o mês mais quente de sempre. Há dez meses consecutivos que estão a ser batidos recordes absolutos nas temperaturas. Os dados foram revelados pela NASA.
Em Portugal as mudanças climáticas tornam-se fogos ao potenciar problemas que já estão no terreno: o abandono do interior, e as monoculturas (de eucalipto ou do pinheiro). "O país está a transforma-se num deserto", afirma no Jornal 2 o especialista Jorge Leandro.

João Fernando Ramos /
As mudanças climáticas como fenómeno com impacto profundo nas sociedades. Jorge Leandro lembra que elas não estão dissociadas do recrudescer de guerras no médio oriente onde a disputa de recursos naturais como a água ou os terrenos férteis vão marcar cada vez mais a atualidade noticiosa.

O especialista em alterações climáticas fala na crescente dificuldade em, a nível global, os agricultores serem capazes de produzir quantidades estáveis de alimentos, isto ao mesmo tempo que a demanda por mais disponibilidade está a crescer com a explosão demográfica.

O professor universitário, e comentador do Jornal 2, recorda que à escala do nosso país as consequências são mais notadas com os fogos florestais. "as mudanças no clima não são elas mesmas as causadoras dos grandes incêndios, mas ajudam e potenciam problemas que já temos, nomeadamente a política de monocultura que, essa sim, ajuda à propagação dos incêndios".

Depois dos incêndios, virão as chuvas. Os fenómenos extremos do clima, com picos anormais de calor e pluviosidade muito intensa, são ameaças a ter em conta. "A parte fértil dos solos está em risco. É um enfraquecimento das defesas do país", lembra o investigador que enfatiza a necessidade de adaptação a essa nova realidade que e "unanimemente considerada pela comunidade cientifica como um fenómeno irreversível".
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