A Roda dos Alimentos, guia para o que os portugueses deveriam comer, vai ser revista até ao final do próximo ano, ao abrigo do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável, cujo relatório de 2019 é apresentado esta segunda-feira no Porto. Está ainda previsto um modelo de rotulagem uniforme e de mais fácil compreensão.
Os técnicos que elaboraram o documento com a chancela do PNPAS recordam medidas adotadas no quadro da promoção de uma alimentação saudável.
São enumerados o acordo com a indústria tendo em vista a redução de sal, açúcar e ácidos gordos trans em cereais, leites com chocolate, iogurtes, refrigerantes, pão, batas fritas e refeições prontas a consumir, entre outros produtos, a legislação sobre publicidade alimentar para crianças, a revisão do cabaz de alimentos do programa de assistência às populações carenciadas e a revisão do imposto sobre bebidas açucaradas.
O relatório traça também o retrato presente, assinalando que maus hábitos alimentares se traduzem em menos anos com qualidade de vida em Portugal. Concretamente, um consumo reduzido de cereais integrais, fruta e frutos oleaginosos.
Outro alerta inscrito no documento prende-se com a obesidade, descrita como um problema de saúde pública. Ainda assim, os técnicos sinalizam uma redução do excesso de peso e da obesidade infantis: de 37,9 por cento em 2008 para 29,6 este ano.
Rótulos confusos
Quanto à rotulagem, o relatório insiste na necessidade de incluir informação clara e visível nas embalagens. Esta “deve ser considerada uma importante medida a implementar no âmbito das estratégias para promover uma alimentação saudável”. E o país “não apresenta ainda um modelo harmonizado de rotulagem nutricional de caráter interpretativo”.
“Atualmente, sabe-se que 40 por cento da população portuguesa não consegue compreender a informação nutricional presente nos rótulos dos alimentos”, conclui-se no trabalho do PNPAS.
Os relatores sublinham que a Organização Mundial da Saúde tem vindo a propugnar a relevância de otimizar os sistemas de rotulagem nutricional.
No mesmo relatório, salienta-se que, em 2018, cada português ingeriu 3,3 quilos de açúcar em 60 litros de refrigerantes, ainda assim uma quantidade menor por comparação com o ano anterior, quando entrou em vigor o imposto sobre estes produtos. Em 2017, o consumo per capita era de 75 litros, aos quais correspondiam 4,4 quilogramas de açúcar.