Apesar de ainda não ter sido clarificado de forma definitiva, através de qualquer método científico, qual o produto hoje lançado, os passageiros manifestaram sintomas associados ao gás pimenta: irritação nos olhos, garganta seca e dificuldades respiratórias, disse à agência Lusa o porta-voz do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), Pedro Coelho dos Santos.

Fonte da PSP explicou à agência Lusa que existem três tipos de gás base.

O CN, mais agressivo e inventado pelos alemães em 1870, que já não é usado pelas forças de segurança.

O CS, criado pelos americanos em 1928, ainda é usado pelas forças de segurança, quer em spray, quer em granada.

Ambos são gases químicos.

Mais recentemente, as forças de segurança passaram a adoptar o OC, também conhecido por gás pimenta, que é 100 por cento natural e extraído de uma planta (capsicum), o que explica a designação (OC - Óleo de resina de Capsicum).

"Foi desenvolvido nos anos 80 e tem efeitos fisiológicos muito rápidos", afirmou a fonte da PSP, acrescentando que o gás provoca irritação e fecho dos olhos, restrição da respiração, tosse seca e sensação temporária de queimadura na zona da face, nariz e mucosas.

O efeito desaparece ao fim de 20 a 45 minutos, dependendo da pessoa e da quantidade utilizada.

Segundo a mesma fonte, este produto está no mercado, mas é sujeito à legislação de venda de armas, que varia ao nível da União Europeia.

"Se eu for a Espanha ou a França posso encontrar, numa estação de serviço, algum equipamento que aqui é de venda controlada", exemplificou.

Quando uma pessoa é sujeita a exposição ao gás pimenta, os olhos devem ser imediatamente lavados com água corrente e as forças de segurança, quando usam o spray para neutralizar uma pessoa, têm procedimentos imediatos para atenuar os efeitos, explicou.

Há diversas formas de usar o spray: de acordo com o alcance e efeitos pretendidos, pode ser criada uma nuvem ou projectado um jacto.

Um gás químico pode igualmente ter efeitos muito rápidos, mas mais nocivos, pelo que os americanos começaram a usar o gás pimenta nas manifestações, conseguindo incapacitar as pessoas, com menores danos e uma recuperação mais rápida das vítimas.

Um especialista do INEM contactado pela Lusa afirmou que o gás pimenta tem sido pontualmente usado, apesar da sua utilização estar restringida às forças de segurança, porque "em alguns países as pessoas podem usá-lo como defesa pessoal".

"É uma substância usada sobretudo para controlo de motins", referiu, sublinhando que normalmente é usada em spray, provocando "uma reacção muito grande ao nível da pele, mucosas, boca e vias respiratórias, com dor".

Incapacitar o agressor é a finalidade, mas quando é usado nestas situações (Metro), "é para causar pânico", referiu.

"Causa um desconforto muito intenso, mas passageiro", podendo desencadear uma crise asmática em pessoas que sofram da doença, indicou.

O mesmo especialista disse que a posse não é permitida individualmente em Portugal, mas como o é noutros países europeus do espaço Schengen, é fácil entrar no país.

Em Agosto passado, a pacata localidade de Amareleja, no Alentejo, viveu um episódio semelhante, quando um homem de 20 anos lançou gás pimenta dentro de uma discoteca, provocando 23 feridos.

Hoje, 11 pessoas receberam tratamento médico na sequência do lançamento desta substância na Linha Amarela do Metro de Lisboa.