O que esperam os três cardeais portugueses da visita do Papa a Fátima

por RTP
Stefano Rellandini - Reuters

Três depoimentos dos três cardeais portugueses sobre a visita do Papa a Fátima.

D. Manuel Clemente – Cardeal Patriarca de Lisboa



"O Papa Francisco vem a Fátima a 13 de maio, como sempre quis vir, precisamente a Fátima. Nossa Senhora de Fátima está há muto presente na sua biografia pessoal e pastoral. Logo que foi eleito Papa, pediu que lhe confiassem o seu ministério. Todos nós que o admiramos e seguimos como Sucessor de Pedro, devemos divisar, também à luz de Fátima, o que o move e inspira. 

Tão evangelicamente, aliás, pois Jesus confiou o discípulo à sua Mãe e a sua Mãe ao discípulo (cf. Evangelho segundo S. João, 19, 26-27). E Jacinta, a pastorinha de Fátima, sentia especial ligação ao Papa e urgia a rezar por ele. O Papa Francisco vem a Fátima e Fátima fica em Portugal. Não apenas na geografia, mas mais profundamente, naquilo a que podemos chamar a alma portuguesa. 

O que mais profundamente nos tocou nas vicissitudes familiares, sociais e religiosas dos últimos cem anos, passou muito por Fátima em expetativas, orações, lágrimas e alegrias. Em humanidade pessoal e comum, ali expressa, desabafada e confiada, na esteira do constante marianismo que nos define como povo. Também neste ponto, o Papa Francisco coincide connosco, no seu modo particular de ser pastor de pés bem, na terra e coração bem no céu."

D. José Saraiva Martins – Prefeito Emérito da Congregação das Causas dos Santos



"O significado da visita do Papa Francisco a Portugal, como as dos seus Predecessores, é de uma grande importância e atualidade, não só do ponto de vista eclesial, mas também do ponto de vista humano e social.

Mas a próxima visita do atual Sumo Pontífice ao nosso País tem um significado especial: Fátima. Com efeito, ele virá ao 'Jardim à beira mar plantado', para visitar o lugar onde há cem anos a 'Branca Senhora mais brilhante do que o sol' apareceu aos três pastorinhos da Cova da Iria: Lúcia, Jacinta e Francisco.

O atual Sucessor de S. Pedro no governo da Igreja universal foi sempre um grande devoto de Nossa Senhora de Fátima. Muitas são as expressões concretas desta sua profunda devoção mariana. Na mesma capital argentina há uma paróquia dedicada à Branca Senhora aparecida aos três pastorinhos da Cova da Iria.

Recordemos, além disso, que o Santo padre quis que a imagem de Nossa Senhora de Fátima viesse visitá-lo a Roma, agora ele retribuiu a visita.

O Papa Francisco não deixou de sublinhar, com força, o grande valor e a extrema atualidade da Mensagem transmitida por Nossa Senhora nas suas seis Aparições às três criancinhas.

Numa recente carta ao Bispo de Leiria - Fátima, por exemplo, ele exprimiu-se assim a tal respeito: 'Pelos seus densos conteúdos (a Mensagem de Nossa Senhora de Fátima) representa uma profesia cheia de esperança para a Igreja, para a humanidade e o mundo contemporâneo'. Ela não é, no fundo, senão um apelo da Mãe de Deus aparecida aos três pastorinhos, à fé, à conversão, à paz e à esperança, de particular importância e atualidade no mundo de hoje."

D. Manuel Monteiro de Castro - Penitenciário-mor emérito do Supremo Tribunal da Penitenciaria Apostólica



"A visita apostólica foi providencial, como Paulo VI há 50 anos, embora em contextos diferentes, o Papa Francisco desloca-se de 12 a 13 de maio à Cova da Iria, como «peregrino entre peregrinos», desta vez para assinalar os 100 anos das Aparições de Fátima. Francisco viaja até Fátima para, com os portugueses, rezar junto da Imagem da Virgem Maria, num dos maiores santuários marianos do mundo.

O Papa Francisco, no dia seguinte à sua eleição, antes de mais dirigiu-se à Basílica Maior de Nossa Senhora, para lhe confiar o seu pontificado e ao despedir-se do Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa D. José Policarpo, pediu-lhe que rezasse por ele a Nossa Senhora de Fátima, iniciou-se oficialmente dois meses depois, quando os bispos portugueses,

a seu pedido, entregam o seu pontificado a Nossa Senhora de Fátima, durante as celebrações do 13 de maio, na Cova da Iria. No discurso aos cardeais, no dia seguinte, ele deixou bem evidente o que o moveu: “À poderosa intercessão de Maria, nossa Mãe, Mãe da Igreja, confio o meu ministério e o vosso. Sob o seu olhar materno, possa cada um de nós caminhar, feliz e dócil, à voz do seu divino Filho...”.

A enorme responsabilidade da missão que a Igreja lhe confiou e da fidelidade à mensagem que Nossa Senhora aqui revelou, mas também a enorme alegria de ser arauto dessa mesma mensagem nestes tempos difíceis que vivemos.

Através testemunho do Papa a força da intercessão de Maria, a quem nos devemos confiar sem medo. A mensagem de Fátima só pode ser de esperança, a mensagem de Fátima continua atual."
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