O som das bombas que chega com Carolina a Portugal

Carolina Soares deixou o Líbano na quarta-feira mas quinta-feira, a salvo no Chipre, assustava-se com cada barulho mais forte e hoje, já em Lisboa, diz que o som das bombas a persegue.

Agência LUSA /

Carolina Soares de Albergaria Arbaji, cidadã portuguesa, chegou hoje a Lisboa com dois filhos, fugindo dos bombardeamentos de Beirute, a bordo de um avião C-130, da Força Aérea Portuguesa.

Fez parte de um grupo de 37 pessoas, 13 portugueses e 24 espanhóis, que chegou a Lisboa às 02:25, numa viagem que as trouxe do Chipre e que decorreu sem incidentes.

Fugindo da guerra no Líbano, das bombas que Israel "despeja" sobre Beirute, trouxe consigo os dois filhos e o som dessas bombas e deixou na capital libanesa o marido, cidadão Libanês mas que tem passaporte francês.

"Ontem passámos o dia em Chipre, cada barulho que ouvíamos sobressaltávamo-nos", disse aos jornalistas no aeroporto, depois de dizer que a viagem correu bem e que as oito horas no C-130 "não é nada" comparado com o que está a acontecer no Líbano.

Vivendo há seis anos em Beirute, Carolina era directora de uma creche na capital libanesa mas mesmo assim teve muita dificuldade em explicar aos filhos, de dois e cinco anos, o que se estava a passar.

E hoje, em Portugal, o que mais quer é que a situação se acalme e que o Líbano possa viver em paz.

Beirute, essa, é "uma cidade deserta, com as casas e as lojas fechadas", onde "as pessoas estão muito assustadas e muito tristes".

E depois, disse, desenganem-se os que pensam que Israel só está a bombardear alvos militares. "Israel tem estado a bombardear alvos civis", garantiu, exemplificando com casos que assistiu, como um camião que transportava fruta ou um convento de freiras.

Em Beirute, lamentou, o sentimento que se vive é de injustiça, por Israel estar a destruir o país, mas é a Beirute que quer regressar, se a situação o permitir.

Na capital libanesa teve todo o apoio possível das autoridades portuguesas, que a auxiliaram na saída do país em guerra, e espera agora que o marido, que optou por permanecer em Beirute, não tenha que também ele deixar o país, bombardeado há mais de uma semana pela aviação israelita.

É que, afinal, em Beirute, disse, além do marido e de duas casas deixou a sua vida.

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