Oliveira de Frades é o único grande fogo ativo no país

por Lusa

O comandante nacional da Proteção Civil Duarte da Costa disse hoje que, às 20:00, o incêndio de Oliveira de Frades, em Viseu, era o "único ativo no país" e apelou a "tolerância zero no uso do fogo".

"Neste momento há apenas um grande incêndio a lavrar e é precisamente este em Oliveira de Frades que, das três frentes, tem duas dominadas, mas ainda tem uma frente ativa tocada fundamentalmente a vento", adiantou Duarte da Costa numa conferência de imprensa em Oliveira de Frades.

O general explicou que, pelas 20:00, "o vento estava a soprar com menos intensidade, mas espera-se que a meio da noite a intensidade do vento venha novamente a fazer-se sentir" o que, no seu entender, "quer dizer que todas as ações de combate são para tentar acabar com este incêndio o mais depressa possível".

Ativo há nove horas, precisou o comandante, este incêndio que "tem lavrado com muita violência, ao momento, empenhava 345 operacionais, 121 viaturas, duas máquinas de rasto, que irão ser reforçadas com mais uma durante a noite", e, durante o dia, estiveram 12 meios aéreos.

"Apelo a que situações destas não sejam repetidas por pessoas que gostam, precisam ou têm de utilizar o fogo como instrumento para aquilo que é o seu trabalho ou ainda outras atividades", apelou.

Duarte da Costa lamentou a morte do bombeiro de 41 anos, Pedro Ferreira, que combatia aquele incêndio e que morreu "sem apresentar qualquer queimadura no corpo", tendo agido "dentro daquilo que eram as suas normas e experiência, correndo para uma zona já queimada à espera de salvaguardar a sua integridade física, mas o fumo estava muito baixo e não permitiu isso".

Até ao momento, por causa dos incêndios, nesta campanha já morreram cinco bombeiros e um comandante de uma aeronave.

Num apelo à população, Duarte da Costa disse: "Não vale a pena dizer que faleceram cinco bombeiros. Não, não foram cinco bombeiros, foi o José Fernandes, o Carlos Carvalho, o Filipe Pedrosa, o Diogo Dias e foi o Pedro Ferreira agora e são pessoas que deixam família e amigos".

"O que basta para acautelar as nossas consciências é saber que nestes períodos é impossível usar o fogo. O fogo não é uma opção. (...) Temos condições extremamente gravosas de disponibilidade de combustível em toda a região centro e norte do país e, portanto, o uso do fogo não é uma opção", reforçou.

No seu entender, "as condições atmosféricas hão de melhorar relativamente àquilo que é a utilização de outros meios que não a lavoura normal" e, neste sentido, defendeu que "é preciso acabar com as práticas ancestrais".

O general insistiu na campanha da "tolerância zero ao fogo, porque o fogo mata e é perigoso" e comparou-a com a uso do cinto de segurança que "demorou 10 anos até ser verdadeiramente assumida por todos os portugueses, também vai levar algum tempo esta campanha a ser assumida".

Apesar de insistir que "tem de se encarar os combustíveis de maneira diferente de como era há 30 ou 40 anos", o comandante nacional não confirmou se essa pode ter sido a origem deste incêndio em Oliveira de Frades, no distrito de Viseu, e remeteu a origem para "mais tarde, após a investigação da GNR".

"Se este incêndio não tivesse existido, seja ele de causa dolosa ou negligente, o Pedro Ferreira estava aqui na nossa companhia e agora não está. Sejam quais forem as causas dos incêndios temos todos de lutar para diminuir estas ocorrências", insistiu.

Tópicos
pub